Companhia de Teatro Manguinhos em Cena ganha voz em projeto de audiolivros

Audiolivro - Manguinhos em Cena -
Foto: Wilson Netto

Criada há três anos, a Companhia de Teatro Manguinhos em Cena está abrindo novos caminhos para além da Biblioteca Parque de Manguinhos (BPM), – um espaço da Secretaria de Estado de Cultura – onde o grupo de 27 integrantes é residente. O desafio desta vez é a produção de audiolivros para atender o público com deficiência visual que frequenta as bibliotecas do Rio de Janeiro com setores de acessibilidade. O projeto, premiado pelo edital Fomento à Cultura Carioca, tem patrocínio da Prefeitura do Município do Rio de Janeiro/Secretaria Municipal de Cultura, como parte do calendário de comemorações pelos 450 anos da Cidade, e vai gerar a coleção “Audiolivros da Biblioteca Parque de Manguinhos” com a gravação de 10 obras literárias escolhidas pelo grupo no Acervo da Biblioteca.

A seleção dos livros foi feita em um mês de intensa pesquisa no acervo da BPM. O critério para a escolha das obras foi baseado na ideia de traçar um percurso afetivo e referencial do grupo Manguinhos em Cena relacionado ao acervo da Biblioteca Parque, priorizando livros que não tivessem exemplares no setor de acessibilidade dedicada aos deficientes visuais.

O resultado foi uma coleção, de títulos variados de autores brasileiros, que reúne poesia, novelas, peças de teatro e literatura infantojuvenil. Entre os livros escolhidos, “Clara dos Anjos”, de Lima Barreto, é a homenagem afetiva do grupo à favela, já que o autor nasceu e viveu na área de Jacaré e de Manguinhos.

Outro livro a ser gravado é “Orfeu da Conceição”, de Vinicius de Moraes, que tem como cenário uma favela carioca, em uma homenagem do grupo aos 450 anos do Rio.

Para o público infantil, a escolha foi “O homem que contava histórias”, das autoras Roseane Pamplona e Sônia Magalhães. O título foi trabalhado pelos atores do grupo no “Palavra Viva”, projeto que leva contação de histórias de autores brasileiros para crianças de escolas públicas da região de Manguinhos.

Para entrar em estúdio, os atores do grupo, que até então só tinham experiência em teatro, passaram por um curso de capacitação para a gravação com a atriz, dubladora, leitora, diretora e produtora de audiolivros Mônica Magnani.

Ao todo, 16 atores da companhia vão participar do projeto como leitores dos livros, sob direção de Ana Carina, atriz, produtora e uma das coordenadoras do projeto Manguinhos em Cena, que deu origem ao grupo em 2012.

“Estamos há três meses ensaiando as leituras, nos preparando para entrar no estúdio, sempre enfocando a experiência final do público que vai ouvir os livros: para eles, a voz dos atores será o guia para a construção de cada história ou poema em sua imaginação”, conta Ana Carina. “É uma experiência nova, em que os atores estão aprendendo uma linguagem de interpretação e mergulhando de maneira profunda no universo das palavras, buscando expressão e sutileza para alimentar a imaginação de quem vai ouvir os livros. Para o grupo, que começou trabalhando a base técnica do teatro gestual, sem fala, também tem sido uma descoberta”, explica a diretora.

Os atores entraram em estúdio em maio deste ano e já gravaram o poeta Manoel de Barros e o livro “O Homem que Contava Histórias”. A previsão é de que a coleção seja lançada até o fim de 2015 e distribuída gratuitamente para 10 bibliotecas do Rio com setores de acessibilidade.

Todos os audiolivros serão gravados no estúdio da Biblioteca Parque Estadual, em uma parceria institucional do Manguinhos em Cena com a Secretaria de Estado de Cultura, o Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG) e a rede de Bibliotecas Parque do Rio de Janeiro.

Relação completa de livros a ganharem as vozes dos atores do Manguinhos em Cena:

1.    “O homem que contava histórias”, de Roseane Pamplona e Sônia Magalhães

2.    “Não tenho culpa de que a vida seja como ela é”, de Nelson Rodrigues

3.    “O santo e a porca”, de Ariano Suassuna

4.    “Tratado geral das grandezas do ínfimo”, de Manoel de Barros

5.    “Baú de espantos”, de Mário Quintana

6.    “Cordel”, de Patativa do Assaré

7.    “Teatro de Arena: uma estética de resistência”, de Izaías Almada

8.    “O mistério do coelho pensante”, de Clarice Lispector

9.     “Orfeu da Conceição”, de Vinicius de Moraes

10.   “Clara dos Anjos”, de Lima Barreto