Como formar sua opinião na era das redes

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Em nosso cotidiano somos forçados a apresentar nossas opiniões acerca das coisas que nos cercam. Elas revelam muito de nossa personalidade e podem fazer a diferença em nossa vida, por exemplo, na hora de conseguir um emprego (para o bem e para o mal). Mais do que isso, é nelas que sustentamos nossas ações.

Para conseguirmos sincronizar nossas práticas com aquilo que realmente acreditamos devemos estar bem informados. É através das informações que formamos as opiniões. A questão então é como se informar. Uma pessoa bem informada identifica facilmente aquela que não o é. Isso acontece porque quem é bem informado sempre ouve todos os grupos sociais interessados em um assunto, podendo, a partir disso, se posicionar melhor.

Não espere imparcialidade de nenhuma pessoa ou meio de comunicação. Todas as pessoas têm seus interesses, assim como todos os meios de comunicação têm sua linha editorial, sejam eles os movimentos sociais, coletivos setoriais, ONGs ou o Grupo Abril. Fica claro, então, que para formar sua opinião é necessário obter a mesma informação por diversas fontes. Dito de outra forma, é preciso se situar no debate que está por trás das posições. Cada posicionamento se apoia em argumentos e princípios e sabê-los é de fundamental importância para formar sua opinião.

Por exemplo, podemos situar o debate sobre as ocupações urbanas, também conhecidas como invasões. De um lado, os favoráveis alegam que as ocupações se baseiam no direito à moradia, garantido pela constituição. A carta de 1988 prevê que as propriedades que não atendam uma função social (moradia, atividades produtivas, lazer, etc), ou seja, terrenos ou prédios que estiverem em desuso, são passíveis de desapropriação para fins de habitação social. O princípio em que se sustenta essa posição é o da justiça social. Os contrários também apoiam seus argumentos na constituição, reafirmando o direito a propriedade privada como uma instância superior. Dentro dessa lógica as invasões ferem o direito a propriedade. Os princípios que norteiam essa posição são, portanto, liberais. Note bem que até mesmo a palavra muda conforme o posicionamento da pessoa sobre o assunto.

Com a emergência da internet diversas vozes ganham publicidade. A televisão, os jornais e os rádios não têm a mesma interatividade da internet. Atualmente, com um pouco de conhecimento em informática e acesso regular a um computador conectado, podemos criar conteúdos e submetê-los a discussão em uma intensidade sem parâmetros na história. Assim, modifica-se a visibilidade dos atores. A questão que se coloca agora é saber a maneira de chegar até eles. Nesse sentido o Google é uma ótima ferramenta. Através dele podemos encontrar tanto o site do projeto Porto Maravilha, quanto o do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), ambos vinculados às formas de apropriação do espaço urbano. As indicações pessoais também são de grande relevância.

Uma dica é procurar sempre os movimentos sociais. Neles encontramos uma resistência organizada em relação a um tema ou a um conjunto de temas. A grande mídia, em geral, não dá voz a esses atores. Com isso, temos que buscá-los por nós mesmos. Outra dica é procurar, na medida do possível, artigos ou alguma produção (vídeo, entrevista) de cientistas acerca do tema em questão. Os cientistas capturam um olhar sistemático dos assuntos sobre os quais se debruçam, recolhendo dados e fazendo análises que muitas vezes escapam a outros atores. Não podemos desconsiderar, igualmente, as experiências individuais, sejam as suas, sejam as dos envolvidos diretamente com o tema. As artes também são imprescindíveis. Muitas vezes as manifestações artísticas, por sua linguagem, são as formais mais eloquentes e polissêmicas de retratar um tema.

A formação de sua opinião deve, essencialmente, passar pela atividade de pesquisa. Não podemos mais no mundo atual agir passivamente quanto à informação. Devemos buscar fontes primárias. Se fizermos de outra forma estaremos desperdiçando todo o potencial da rede, que facilita muito nosso acesso às fontes.

Por fim, é preciso ter em mente que nossas opiniões devem sempre estar sendo revistas. A contemporânea aceleração do ritmo dos acontecimentos exige que sempre estejamos atualizando nossas informações. Além disso, por mais que nos informemos sobre um tema, sempre haverá material que não conheceremos. Decorrência disso é adotar uma postura de crescimento pessoal, buscando aprender com todas as pessoas, seja qual for sua opinião e quão bem sustentada ela esteja.

Com isso, podemos dizer que a formação de opinião deve ser algo constante e que demanda pesquisa. Do contrário não teremos bases adequadas  para emitir opinião conformando pouca coerência em nossas ações.