Com casa cheia, candidatos à prefeitura participam de encontro com a favela

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Candidatos participantes (Créditos: Julianne Gouveia / ANF)

 

Seis dos 11 candidatos à prefeito nas eleições municipais 2016 participaram do Encontro da Favela com Candidatos à Prefeitura do Rio de Janeiro, realizado pela Agência de Notícias das Favelas no último domingo (18). Alessandro Molon (Rede), Carmen Migueles (Novo), Cyro Garcia (PSTU), Jandira Feghali (PCdoB), Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL) apresentaram suas propostas para uma plateia de 400 pessoas, que lotou o Museu do Samba, na Mangueira. O evento contou com transmissão ao vivo da Mídia Ninja e já foi visto por quase 70 mil pessoas na internet.

Com um pouco de atraso devido aos bloqueios no trânsito relacionados à Cerimônia de Encerramento das Paralimpíadas Rio 2016, os candidatos a ocupar o cargo que desde 2008 está nas mãos de Eduardo Paes fizeram suas apresentações e foram sabatinados pelo fundador da Agência de Notícias das Favelas André Fernandes com perguntas enviadas pela internet por moradores de favelas de toda a cidade, como Turano, Rocinha, Complexo do Alemão e Rio das Pedras. Assuntos como legalização dos bailes funks, UPPs, repressão da Guarda Municipal a camelôs, manutenção de creches e continuidade do projeto Clínica da Família foram alguns dos temas abordados. Apesar de terem confirmado presença, Índio da Costa (PSD) e Carlos Osório (PSDB) não compareceram.

 

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O fundador da ANF André Fernandes foi o mediador do encontro (Créditos: Bruno Bou / Cuca da UNE)

 

Alessandro Molon jogou luz sobre a potencialização da indústria criativa e do turismo como uma fonte de renda para a cidade. Novata na política, Carmen Migueles focou na redução de impostos para os cidadãos e no empreendedorismo feminino. Cyro Garcia fez duras críticas às UPPs e à especulação imobiliária na cidade e também contrariou o regulamento do evento ao fazer ataques diretos à colega Jandira Feghali.

Jandira, por sua vez, falou principalmente sobre suas propostas para a saúde da mulher. Marcelo Crivella relembrou seu slogan de campanha ao dizer que quer fazer um governo que cuida das pessoas, afirmou que não haverá remoções caso seja eleito e que quer incentivar a indústria do carnaval – mas, já na primeira pergunta, demonstrou desconhecer um dos principais movimentos culturais de 2016, o Ocupa MinC. Marcelo Freixo focou em propostas para a cultura e para a redução dos homicídios de jovens negros.

 

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Público lotou o Museu do Samba (Créditos: Bruno Bou / Cuca da UNE)

 

Todos foram unânimes em fazer críticas à atual gestão e ao candidato Pedro Paulo, ausente do Encontro da Favela com Candidatos à Prefeitura do Rio. “Estes são os candidatos que se importam com a favela. Lembrem disso”, afirmou André Fernandes.

Saiba mais sobre o evento e as propostas dos candidatos na próxima edição do Jornal A Voz da Favela, que estará nas ruas a partir de 28 de setembro.

 

“É aqui o culto?”

Os candidatos participantes do Encontro enfrentaram um público ruidoso, trazido em massa pela equipe de Marcelo Crivella. Membros da produção do evento foram abordados por diversas pessoas da plateia, que ao chegar ao Museu do Samba perguntavam se ali seria realizado um culto evangélico. Nos momentos mais acirrados, o senador foi chamado de golpista e traidor por parte do público, em uma referência direta ao seu voto favorável ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff, enquanto que outra parte respondia com gritos de “Ficha limpa” e jingles da campanha do candidato.

 

Fotos: Bruno Bou / Cuca da UNE, Julianne Gouveia / ANF e Mídia Ninja