Movimento MEL: quase três décadas na defesa dos direitos humanos da população LGBTQIAP+ da Paraíba

O coletivo foi fundado em 1992- Crédito: MEL

Membros do Movimento MEL participaram na última sexta-feira (13), do Ato de protesto em apoio e solidariedade a duas mulheres trans, vítimas de violência verbal, física e transfobia.

O ato aconteceu em frente a Pizzaria do Paulista, no Busto de Tamandaré, em Tambaú, João Pessoa-PB, onde as mulheres denunciam que foram agredidas, na última quinta-feira (12).

As vítimas registraram um Boletim de Ocorrência praticado por um suposto gerente de uma das filiais da Pizzaria.

O caso está sendo acompanhado pela Delegacia Especializada de Crimes Homofóbicos, Raciais e de Intolerância Religiosa (DECHRADI) que funciona no Centro de João Pessoa.

O ato contou com a presença de ativistas pelos direitos de travestis, pessoas trans, da Gerência dos Direitos de LGBT, vinculado a Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana (SEMDH).

Protesto contra agressão sofrida por duas mulheres trans- Crédito: Coletivo Mel

Origem do MEL

Na década de 1980, houve a tentativa de criação dos grupos Nós Também e Beira de Esquina, como referências os grupos SOMOS (SP) e o Grupo Gay da Bahia (GGB), que participou de atividades em João Pessoa.

O Movimento do Espírito Lilás – MEL é um movimento social de base popular, fundado em 6 de março de 1992, primeira entidade no Estado na promoção dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, queers, intersexos e assexuais – LGBTQIAP+.

Em 1995, participou da fundação da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis – ABGLT, primeira e maior rede de organizações LGBT da América Latina, que reúne mais de 200 organizações em todo o Brasil.

Um grupo de artistas, estudantes e trabalhadores informais, passou a se reunir no antigo grupo Escolar Thomás Mindelo, (Teatro Cilaio Ribeiro), após serem expulsos dos encontros na BENFAM, onde procuravam informações sobre ações de prevenção as IST’s (Infecções Sexualmentes Transmissíveis).

Após a abertura democrática era oficializada na Paraíba a primeira entidade de militância pelos direitos civis, políticos e direitos humanos dos grupos sociais cuja orientação sexual e identidade de gênero se contrapunha ao exigido da sociedade heterocisrnormativa.

“Sempre é bom lembrar e afirmar as contribuições e compromisso dos nossos companheiros Luciano Bezerra Vieira e Fernanda Benvenutty (ambos em memória), que deixaram um legado de aprendizado, conquistas e lutas. O MEL procura repassar às novas gerações tais ensinamentos”, destaca Felipe Santos, atual coordenador geral do MEL.

Grito dos excluídos, em João Pessoa- PB, em 2017- Crédito: Coletivo Mel

Bandeiras do MEL

O Movimento MEL atua nas áreas de Cultura, Saúde, Defesa Social e Representação em Educação e Formação da população LGBTQIA+, dessa maneira contribuiu para a criação de vários grupos de Cabedelo a Cajazeiras, na articulação social para o empoderamento desta população e continua lutando para que sua cidadania seja efetiva e reagente ao conservadorismo vigente.

O MEL, tem como missão, promover a articulação e o empoderamento social das liberdades de orientação sexual, identidade e expressão de gênero, bem como dos direitos humanos e da cidadania para a população LGBTQIA+ em suas manifestações de etnia, cultura e agrupamento social-ideológico.

Além de atingir efetivamente o asseguramento social e digno para a população LGBTQIA+, bem como convergir num mundo sustentável e seguro, sendo pleno para as diversidades e pluralidades.

Acreditando que através de diversas ações envolvendo o Amor, Defesa, Fortalecimento, Resistência, Diálogo, Responsabilidade, Ética e Coletividade.

O MEL, é membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos; do Comitê da Saúde integral de LGBT; Conselho Municipal de Saúde de João Pessoa e do Conselho Estadual LGBT.

Crédito: Coletivo MEL

Ações

  • Desde o início da pandemia da Covid-19, o MEL desenvolve campanhas de arrecadação e distribuição de cestas básicas para a comunidade LGBTQIAP+, e a população em situação de vulnerabilidade social.
  • No auge da pandemia da AIDS, realizou ações de prevenção e apoio às pessoas vivendo e convivendo com o HIV/Aids, denunciando o preconceito, a violência e assassinatos contra a comunidade LGBT+ no estado da Paraíba.
  • O MEL integra os Fóruns Estadual e Municipal de Educação, e articulou e fundou o Fórum de ONG Aids da Paraíba;
  • Promove anualmente, o Seminário Desejo e Poder, que desde 2010, pauta o debate com candidatos ao Legislativo e Executivo a agenda dos direitos humanos da população LGBT nas eleições.
  • Em 2002, realizou a primeira parada da Diversidade Sexual da Paraíba em João Pessoa;
  • Desenvolve projetos de cunho formativo como o Projeto Somos; A Colmeia; LGBT no Envelhecer; Centro de Formação para LGBT;
  • Na década de 1990 o MEL aplicou a formação do Movimento LGBTQIA+ na Paraíba.
Crédito: MEL

Além de um investimento sistemático de esforços no combate à Aids e variadas articulações com órgãos públicos, a ABGLT promove uma série de ações no âmbito legislativo e judicial, orientadas para acabar com diferentes formas de discriminação e violência contra a população LGBTQIAP+.

Essa matéria contou com a colaboração do coordenador geral do Movimento MEL, Felipe Santos (56 anos). Ele também é Jornalista e militante do Movimento Negro da Paraíba.

Felipe Santos- Crédito: Arquivo pessoal

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