Vozes Marias acolhe vítimas de assédio em igrejas

Coletivo Vozes Marias
Imagem: Coletivo Vozes Marias

O coletivo Vozes Marias, formado por mulheres cristãs feministas que trabalham no enfrentamento da violência contra a mulher dentro de espaços religiosos, fará uma acolhida nesta quarta-feira 4, às 19h, no jardim do bloco G da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), com o objetivo de aproximar mais mulheres para a luta contra assédio e violência sexual dentro das igrejas do Recife.

Segundo pesquisa do Datafolha, 42% das brasileiras com 16 anos ou mais declara já ter sido vítima de assédio sexual, desse grupo 47% são evangélicas, 32% são católicas e 68% são mulheres sem religião.

Na última sexta-feira, 28 de fevereiro, o coletivo emitiu uma nota de repúdio contra o pastor de uma igreja Batista na Zona Norte do Recife, que foi indiciado por estupro, atos libidinosos, injúria racial e violação de segredo profissional.

Segundo declaração da delegada Bruna Falcão dada ao portal de notícias  G1,  oito mulheres frequentadoras da mesma igreja foram vítimas de violência sexual. Os casos ocorreram entre 1996 e 2019 e aconteceram no gabinete pastoral, no momento em que as mulheres se direcionavam para aconselhamentos.

Diante desse cenário, o coletivo busca a aproximação de mais mulheres cristãs para a realização de palestras e rodas de debates sobre temas como violência sexual, assédio, empoderamento feminino e como as vítimas podem se proteger em casos como o citado acima.

Em carta aberta, publicada nas redes sociais, o coletivo Vozes Marias repudiou a atitude do pastor demonstrando indignação e total apoio as mulheres vítimas da violência cometida.

“…Viemos por meio desta carta aberta: 1) Manifestar nossa indignação a respeito dos casos noticiados, em 27 de fevereiro de 2020, através da Rádio Jornal, de denúncia de abusos sexuais praticados pelo ex-pastor da igreja Batista da Zona Norte do Recife; e 2) Manifestar nosso apoio as mulheres vítimas.

Para nós, casos como este, mostram o quanto igrejas precisam se somar a nossa luta e enfrentamento à violência contra nós mulheres, cumprindo seu papel profético na sociedade de denunciar e combater toda e qualquer forma de violência, visto que qualquer postura, diferente desta, diverge do evangelho de Jesus Cristo e do Reino de Deus que é justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo (Romanos 14,17)…”.

Após denúncias o pastor foi afastado de suas atividades pela Convenção Batista de Pernambuco.