Coletivo ‘Beco da Memória’ celebra a Consciência Negra na comunidade de Valéria

Arte: Zara Rodrigues - Histórias de Valéria

No próximo dia 26 de novembro, a partir das 14h30, o bairro de Valéria, periferia de Salvador, será palco da primeira edição do coletivo “Beco da Memória”.

Idealizado pelo rapper local Everest e outros jovens engajados da região, o evento gratuito tem como objetivo abordar questões cruciais como racismo e marginalização, ao mesmo tempo que destaca a riqueza cultural da comunidade valeriana, frequentemente rotulada como uma das áreas mais violentas da capital baiana.

A programação do evento inclui a participação de diversos artistas locais, promovendo rodas de rap, declamações de poesias, apresentações musicais, e muito mais. A Praça do Village, localizada no próprio bairro, será o cenário dessa celebração da cultura e resistência.

Além de ser um dos organizadores do evento, Everest destaca a importância de empoderar os moradores do bairro através do coletivo. “O Beco da Memória é um projeto que visa empoderar uma população que muitas vezes é vista apenas de forma marginalizada”, afirma o rapper, que se identifica com a cultura do hip-hop.

Para ele, a arte é uma ferramenta de intervenção fundamental para aqueles que vivem em uma realidade de extrema vulnerabilidade, como é o caso de Valéria.

Nos últimos meses, o bairro periférico esteve em destaque na mídia não apenas local, mas em todo o país, principalmente após a trágica morte de um policial federal durante uma operação no bairro. O evento propõe um olhar diferenciado, buscando ir além das narrativas de violência e destacar o lado da resistência, potência e poesia que caracterizam Valéria.

Everest – Créditos: Jean Jorge

O rapper  ressalta que, embora a mídia possa informar sobre acontecimentos, é igualmente crucial trabalhar na construção de pensadores e fortalecer a autoestima de uma população que muitas vezes é estigmatizada.

O artista relaciona a cultura do hip-hop à missão do coletivo. De acordo com sua perspectiva sobre o papel da arte na intervenção em realidades de extrema vulnerabilidade, como a vivenciada pelos moradores de Valéria, ele explica que o coletivo será uma oportunidade de vivenciar a experiência transformadora da arte.

“O hip hop nasceu como um movimento de intervenção social a partir da arte.  Num contexto semelhante ao do bairro do Bronx em meados dos anos 80, a comunidade de Valéria também vivencia situações de violências refletidas pelas desigualdades sociais. Enxergo o coletivo com a mesma essência do movimento hip hop, trazendo uma perspectiva diferente da que cotidianamente vivenciamos. A arte é elemento capaz de transformar realidades, por isso acredito na força de sua intervenção. O coletivo será uma oportunidade de vivenciar a experiência transformadora da arte”, ressalta. 

O “Beco da Memória” surge como uma iniciativa para mostrar o contraponto à violência, evidenciando a face vibrante e resiliente de Valéria. Mais do que um evento cultural, a celebração se torna um ato de reafirmação da identidade e resistência dessa comunidade, utilizando a arte como um meio de transformação e empoderamento.

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