Chacina da Candelária 25 anos depois

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Quais as lições que podemos tirar desse 23 de julho?

Em frente à igreja da candelária, o maior símbolo de amor, aonde buscamos paz, conforto, desabafo, consolo, refúgio e acolhimento. Local que chamamos e acreditamos ser a “casa de Deus”. É ali que aconteceu uma das maiores crueldades já vista por nós, a Chacina da Candelária. Nesse ano eu tinha apenas seis anos de idade, não tinha ainda percepção do quão grave era aquele extermínio, e mesmo passando vinte e cinco anos, eu ainda me questiono como o ser humano pode ser tão frio ao ponto de tirar a vida de crianças e adolescentes.

Começo a me questionar, como pode tantas crianças e adolescentes, dormindo ao relento, sem o conforto de uma cama, sem o leite quente antes de dormir, sem a roupa limpa, um quarto, brinquedos, sapatos, sem o boa noite ou beijo na testa da sua mãe? Imaginem só, dormir com fome, com frio, com sede, sem saber como será o amanhecer, nas noites escuras do centro do Rio de Janeiro, sem perspectiva alguma.

Eu tento buscar um culpado, mas não cabe a mim julgar nada e nem a ninguém, o que eu quero é te trazer a memória o que pode nos dar esperança. Esse crime tão bárbaro é um retrato da total falta de empatia que nós não conseguimos praticar. Tirar a oportunidade dessas vidas de ter uma chance de construir uma história, absolutamente ninguém tem o direito de tirar a vida de outra pessoa.

25 anos depois, alguma coisa mudou?

Eu fui atrás do relato da Yvonne Bezerra a artista plástica que esteva ao lado das crianças nesse dia tão macabro, que em entrevista ao site terra diz: “nada mudou no Brasil desde 1993, o Estado e a sociedade toleram o massacre dos pobres”. De fato, apenas um mês após a chacina da Candelária, um esquadrão da morte da polícia matou 21 pessoas na Favela Vigário Geral. De 52 réus, sete foram condenados, só um ainda está na prisão.

Até hoje a polícia brasileira continua realizando chacinas contra jovens negros e pobres, sobretudo no Rio de Janeiro. Além disso, há a violência do narcotráfico nas favelas, que o Estado aparenta tolerar. Yvonne Bezerra tem um número na ponta da língua: em 1993, cerca de 11 mil jovens tiveram morte violenta no Brasil. Hoje são 28 mil por ano. É um genocídio pernicioso, afirma.

Direitos humanos, proteção à criança e adolescente, combate as drogas, saúde pública de qualidade, genocídio, segurança pública, moradia, assistência de qualidade aos moradores de rua, polícia pronta e bem preparada, clínicas de reabilitação funcionando em todo o estado   você se sente seguro para afirmar que mudamos ao longo desses 25 anos?O que progredimos?

Estamos caminhando lentamente…