Mortos da pandemia têm homenagem com reação hostil em Copacabana

O taxista Márcio perdeu o filho de 25 anos para a Covid-19 - Foto Narayanna Borges / GloboNews

A ONG Rio de Paz faz na manhã deste sábado, 8, manifestação em memória dos quase 100 mil brasileiros mortos pelo na pandemia, na Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio. O grupo também protesta e faz críticas ao poder público por não enfrentar a doença com seriedade.

Nesta sexta, 7, o país atingiu o número de 99.702 mortos, sendo 1.058 deles nas últimas 24 horas. Só no Rio de Janeiro mais de 14 mil mortes estão confirmadas. Em 24 horas, foram registrados 87 novos óbitos e 1.632 novos casos confirmados no estado.

Na última manifestação em Copacabana o taxista Márcio Antônio do Nascimento Silva recolocou na areia várias cruzes derrubadas por um senhor que acusava fake news no ato. Hoje Márcio estava novamente na areia, lembrando o filho de 25 anos que perdeu para a Covid-19. Amanhã será seu primeiro Dia dos Pais sem o filho.

Na manhã deste sábado, um homem passou pelo calçadão e fez críticas ao ato. Márcio foi até ele e explicou que o ato é legítimo e que muitas pessoas morreram nessa situação, inclusive seu próprio filho. “Eu tive que pegar o corpo do meu filho e botar dentro do caixão em um saco, então você não pode falar que é ‘fake news'”, afirmou Márcio. Ele foi convidado para ONG depois de sua participação no último ato, quando imagens dele recolocando as cruzes arrancadas da areia viralizaram na internet.

“Não é fácil estar aqui, não é fácil, não é fácil relembrar isso tudo. Amanhã seria o Dia dos Pais. Eu como muitos pais e muitos filhos não vamos estar ao lado dos entes queridos. Então, estar aqui para mim representa muito. Se eu puder conscientizar apenas uma pessoa, eu já fico muito feliz e acho que meu filho não passou em vão. Eu não posso mudar o mundo, mas se eu puder ajudar alguma pessoa, já é importante”, disse.