Caxias se mobiliza em defesa do terreiro de Joãozinho da Gomeia

Joãozinho da Gomeia foi o pai de santo mais conhecido no país nas décadas de 1950 e 60 - Foto da internet

Organizações, coletivos, movimentos, entidades e cidadãos da Baixada Fluminense convidam pelas redes sociais para ato em defesa da memória e do trabalho do sacerdorte candomblecista Joãozinho da Gomeia. O ato será amanhã, 18, das 15 às 17 horas, na rua Prefeito Braulino de Matos Reis, 360, em Caxias.

“A prefeitura de Duque de Caxias, numa determinação antidemocrática e repleta de irregularidades jurídicas, quer se apropriar do terreiro localizado no bairro Vila Leopoldina, em Duque de Caxias, que pertenceu ao religioso, para a construção de uma creche”, os organizadores da manifestação denunciam.

Segundo eles, ao longo da gestão do prefeito Washington Reis foram prometidas diversas creches, mas somente agora foi decidida a construção de uma, exatamente no terreno de Joãozinho da Gomeia: “É impossível dissociar tal medida de uma clara manifestação de racismo religioso, pelo fato de o poder executivo local estar atrelado ao bolsonarismo, um governo que persegue as religiões de matriz africana. Por isso, em nome da democracia e da liberdade de expressão e da liberdade religiosa é que convocamos todos para essa importante manifestação de apoio! VIVA JOÃOZINHO DA GOMEIA”, conclui o texto da convocação para a manifestação.

O baiano João Alves Torres Filho foi um dos pioneiros do candomblé no Brasil e um dos mais importantes pais de santo do país nos anos 50 e 60. No texto publicado no Facebook, os organizadores escrevem:

“Tata Londirá foi homenageado pela Grande Rio no enredo do carnaval de 2020 e naquele espaço recebeu as visitas dos presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.

Nos últimos anos, a memória da cidade vem sendo apagada e vilipendiada e esse anúncio de construção de creche justamente onde por anos funcionou um terreiro e espaço de memória do povo de candomblé, configura-se num discurso de bem estar social, mas é um ódio religioso disfarçado.

O processo de tombamento do espaço como Patrimônio Imaterial do Estado do RJ está em fase de finalização pelo INEPAC, aguardando apenas o estudo arquitetônico, que está paralisado por causa da pandemia. Os arqueólogos afirmam que embaixo das terras se esconde um verdade patrimônio histórico e religioso.

Já o MPF questionou a prefeitura e pediu explicações sobre o futuro do antigo terreiro da Gomeia, mas o atual prefeito que constantemente mistura o governo com religião, em nítida ação para agradar setores religiosos da cidade, afirmou que não pretende aguardar o processo de tombamento e irá construir a creche.

Por isso, dona Seci Caxi, herdeira de Joãozinho da Gomeia e os coletivos convocam todos e todas para este ato e abraço ao terreno-terreiro da Gomeia, para lembrarmos que iremos resistir.
Compartilhe esse ato nas suas redes, mobilize, leve seu cartaz, seus instrumentos, faixas.

Entre no grupo de whatsapp do ato: https://chat.whatsapp.com/DRFbhTSuiN6cXyVjh54so

NÃO SE ESQUEÇA:

– Iremos com todos os equipamentos de segurança;
– Se você é do grupo de risco ou mora com alguém que é, NÃO vá!; e
– Estamos indo para a rua para impedir o apagamento de mais um espaço histórico da Baixada Fluminense e não nos dão outra alternativa.”

Convocam o ato Dona Seci Caxi, herdeira de Joãozinho da Gomeia; Fórum Municipal de Religiões Afro Brasileiras;Fórum Municipal de Cultura de Duque de Caxias; Fórum Grita Baixada; Cia. Cerne; Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe; Virtu Práxis Expressão Coletiva; Lurdinha de Caxias; Gomeia Galpão Criativo; Lira de Ouro; Movimenta Caxias; APPH-Clio; Coletivo Dijô; Fórum Municipal dos Direitos da Mulher; CETRAB; MNU; Aldeia Jacutinga; BF União Ativa; Unegro Duque de Caxias; Movimento Favelação; Empodera Samba; UJDC – União da Juventude de Duque de Caxias; Karma Círculus Teatro; Ordem Franciscana Secular; Casa de Cultura da Baixada Fluminense; PROFEC; Grupo Unificar de Capoeira Angola; MJPOP; Luar de Dança; Rádio Ativa FM 98,7; Observatório da Baixada; Mulheres com Propósito; Movimento Cultural Darcy Ribeiro; UEDC – União dos Estudantes de Duque de Caxias; MALOCA; MUB – Federação das Associações de Moradores de Duque de Caxias; Tapete Literário; Unidade Classista de Duque de Caxias; UBM – Duque de Caxias; SEPE – Duque de Caxias e Educafro Duque de Caxias.