Campanha “Vidas Negras” lança vídeo-manifesto contra racismo

Divulgação

Lançado ontem, 9, vídeo-manifesto contra o racismo conta com a presença de influencers do movimento negro do Brasil a fim de convidar brasileiros e brasileiras à luta antirracista. Com pouco mais de dois minutos de vídeo, são narrados marcos históricos que fizeram com que a estrutura brasileira se tornasse racista. São discorridos assuntos como condição da negritude no Brasil e desigualdades com base em dados e contextualização histórica.

Produzido pela Oxalá Produções, o vídeo faz parte da campanha “Vidas Negras” e foi lançado pela plataforma de petições online Change.org. “A campanha está envolvida por esse desejo de construir a relevância do indivíduo e da sociedade civil dentro dessa pressão social que é tão importante para mudanças estatais e, consequentemente, mudanças estruturais” diz Joyce Prado, diretora-executiva e produtora da Oxalá.

A produção tem participações do escritor e pesquisador Ale Santos, do educador Douglas Belchior, da transfeminista e educadora decolonial Maria Clara Araújo, da militante do movimento por moradia Preta Ferreira e da rapper e historiadora Preta-Rara, que a primeira fala no vídeo lembrando que a escravidão foi um regime que durou 350 anos, mas que perdura até hoje. “Um projeto de abolição questionável, que negava direitos básicos e marginalizava negras e negros, enquanto facilitava a migração para europeus”, disse.

Sua fala é comprovada em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE. Neles, pretos e pardos são maioria na população brasileira (56,10%), mas minorias nos cargos executivos e na política. Para quem tem a pele preta, a representação em maioria acontece em índices como o de maior pobreza, maiores vítimas da violência e mais alta taxa de evasão escolar. “A cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. Até quando vão fechar os olhos para isso?”, questiona Douglas Belchior.

O manifesto contra o racismo começa atrás das câmeras, com todo o conteúdo do vídeo produzido e desenvolvido por uma equipe 100% negra. Respeitando o atual momento de pandemia, os organizadores do vídeo afirmam que ele foi feito respeitando a quarentena, e cada participante gravou de sua casa.

Além de evidenciar e convidar pessoas para a luta contra o racismo, os influenciadores pedem também que as pessoas vejam e apoiem petições criadas para oferecer justiça a essa parcela da população. Entre as petições comentadas estão as de pedidos de investigação sobre as mortes de jovens negros inocentes, justiça às vítimas de atos de racismo e prisão para policiais envolvidos em ocorrências racistas.

A linguagem visual também foi pensada para gerar impacto e fazer com que as pessoas se engajem. “Que elas se mobilizem, que elas ajam, se comprometam, que elas se engajem, e que vejam, sim, os abaixo-assinados como uma maneira de interferir dentro da estrutura em que a gente vive, dentro do sistema e da sociedade em que a gente vive”, completou Joyce.

Para ver o vídeo-manifesto clique aqui.