Belforroxenses vendem o filme “Ladeira não é Rampa”

O filme teve sua estreia no dia 2 de agosto, contando com uma equipe 100% belforroxense.

Divulgação do Filme: Ladeira não é Rampa
Filme "Ladeira não é Rampa", fotografia: Caroline Limeira @caalimeira

Cineastas da cidade de Belford Roxo vendem o filme “Ladeira não é Rampa”, com produção do Baixada Cine e apoios de Malice Produções Culturais, Cineclube Velho Brejo, Da Lama Filmes e Baixada Bikes. Os integrantes são: Sandro Garcia @sdbgarcia, Antônio Ribeiro @antonio.du.talentim, Luiz Silfer @bxdsilfer, beatriz @xuxuvevo, PITBRE @bre.dipit e Lukemoon @thewrldthatneverwas.

O curta-metragem “Ladeira não é Rampa” é um filme sobre Antônio, um skatista que procura fazer suas manobras em uma cidade que teve todas as suas pistas de skate (em locais públicos) desmoronadas. O trailer do curta se encontra disponível no canal do Youtube do Baixada Cine.

Sandro Garcia diz: “a ideia do Ladeira não é rampa veio justamente a partir da destruição das rampas da cidade, porque tinham muitas. Inclusive em conversas com o Antônio, a gente planejava fazer evento numa rampa que tinha no Xavante (bairro) e a medida que essas rampas foram sendo destruídas, a ideia já veio surgindo de fazer um filme sobre isso. E o skate representa muita coisa, essa coisa do skate e da manobra […] O skate representa o artista que fez essas manobras para conseguir acesso a equipamentos públicos que ele não tem saca? Então, o skate é só esse plano de fundo e também esse protagonista dentro do filme”.

Belford Roxo sofre constantemente com a falta de equipamentos públicos de qualidade, como salas de cinema, teatro, rampas para andar de skate entre tantas outras coisas. O filme acaba reivindicando e trazendo essas questões à tona. Segundo a Agência Nacional do Cinema (ANCINE), a cidade de Belford Roxo é a única com mais de 500 mil habitantes sem nenhuma sala de cinema. Os curtas e longas-metragens acabam sendo realizados de maneira independente e transmitidos através de cineclubes locais gerados pelos próprios residentes. Alguns moradores, tendo condições, vão a shoppings com salas de cinemas em municípios mais próximos.

Filme "Ladeira não é Rampa"
“Take” do filme “Ladeira não é Rampa”

Recentemente, tivemos as Olimpíadas de Tokyo 2021, com o skate estreando pela primeira vez. Foram duas modalidades: “Park” e “Street”, e ganhamos 3 medalhas de prata pelo Brasil. Muitos brasileiros, inclusive eu, ficamos radiantes por esse esporte ter entrado como categoria. E também, por uma das ganhadoras ser a Rayssa Leal “fadinha do skate”, uma criança de apenas 13 anos.

Sandro apresenta uma curiosidade que aconteceu durante as gravações: “Quando fomos filmar no dia, um monte de criança se reuniu em volta e começou a ver e falar. Virou meio que um evento ver dois skatistas ali andando na rampa. Poucos dias depois eu passei lá e tinham duas crianças andando de skate. A capa do filme tem duas crianças olhando pro Antônio e pensando “caraca legal isso, eu poderia fazer isso também, sabe?” Eu fico imaginando se não tivesse uma rampa para nossa medalhista de prata ter onde praticar. Porque é isso, poderia ser uma pessoa de Belford Roxo nas Olímpiadas”. Antônio Ribeiro ainda acrescenta que ter o skate como modalidade olímpica é bom para descriminalizar um pouco da cultura do skate que ainda sofre muita repressão no dia a dia.

“Ladeira não é Rampa” é particularmente revolucionário, além de tocar em várias feridas proporcionadas pela gestão da cidade de Belford Roxo, também traz pessoas autônomas e protagonistas de suas próprias histórias. Onde mesmo não havendo estrutura, as coisas acontecem. Não se trata de romantizar a pobreza e sim sobre pensar e elaborar questionamentos: Se houvesse condições, onde essas pessoas poderiam estar ? Penso que esse filme merece ser assistido por todas as pessoas da nossa sociedade que de diferentes formas e em diversos lugares acabam sendo afetadas pelas políticas públicas e gestões de seus territórios.

Por conta do filme ser produzido de forma independente, sua equipe está vendendo ele para cobrir os custos da realização. No valor de 6 reais, por ser a quantidade de membros dessa produção, haverá distribuição do valor de forma igualitária. Para mais informações sobre como adquirir esse curta, você pode entrar na última postagem do perfil “BAIXADACINE” pela plataforma do instagram.

Agradecimento especial ao Sandro Garcia por ter respondido todas as perguntas, juntamente com toda a equipe do Baixada Cine que fez esse curta se tornar possível.

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