Balé clássico na quebrada

Projeto leva aulas de dança para crianças do Alto Santa Isabel, zona norte do Recife

Reportagem para o jornal A Voz da Favela de dezembro de 2019

 

Certamente, você já perguntou a uma criança o que ela quer ser quando crescer e ouviu como resposta o desejo de se tornar bailarina. Entretanto, esse é um sonho que custa caro para grande parte das crianças periféricas brasileiras. Pensando em ajudar a realizar esse sonho, a bailarina Jaynara Figueiredo iniciou o projeto “Pontinha de Futuro”, no Alto Santa Isabel, que atende meninos e meninas da comunidade.

Para fazer balé, Jaynara contou com o apoio da avó, que a ajudou no seu desenvolvimento nessa e em outras modalidades de dança. A bailarina já deu aula em academias, mas sempre teve o desejo de fazer algo pelas crianças que tinham o sonho de se tornar bailarinas, mas não tinham mínimas condições para isso. O projeto “Pontinha de Futuro” começou quando a professora alugou o espaço de uma sala de academia, onde, durante um ano, ministrou aulas a preços populares. Posteriormente, firmou uma parceria com a Paróquia Santa Isabel, que cedeu o espaço onde o projeto acontece atualmente.

Foto: Armerindo Costa

A iniciativa passou por diversas dificuldades no começo, mas, hoje, conta com a parceria de “madrinhas”, pessoas que colaboram com a doação dos fardamentos, figurinos e outros itens. O projeto beneficia cerca de 100 crianças e adolescentes na faixa etária de três a 14 anos, divididas em turmas que vão do “Baby Class” ao Infanto-juvenil. Atualmente, 70% dos alunos não pagam qualquer quantia para participar do projeto e 30%, pagam uma taxa simbólica de R$ 30,00.

A isenção é feita por meio de um levantamento socioeconômico.  A quantidade de crianças de uma mesma família participando do projeto também é considerada. Jaynara observa que o “Pontinha de Futuro” é uma ação que usa o balé como ponte para novas possibilidades. “O objetivo do projeto, além de levar aulas de balé clássico para crianças da favela, é abrir portas para uma infância cheia de boas experiências”, afirma.