Baía da Traição: cultura indígena na zona urbana da Paraíba

Crédito: Paraíba em Foco

A história da Paraíba está muito presente no município da Baía da Traição, onde em 1501 navegantes ancoravam no porto, cenário de batalhas sangrento entre os índios Potiguaras, habitantes da terra, e os portugueses que queriam colonizar o local.

A Baía da Traição está inserida nas Trilhas dos Potiguaras, e fica localizada no Litoral Norte, entre os municípios de Mataraca, Marcação e Rio Tinto/PB, distante aproximadamente 90 km de João Pessoa.

O acesso principal à praia de Baía da Traição tanto para quem vem de João Pessoa ou de Pernambuco como para quem chega do Rio Grande do Norte é pela BR 101 e depois, pela PB 041, passando por Mamanguape e Rio Tinto.

O ambiente é preservado por moradores da Aldeia Tracoeira, onde residem 50 famílias indígenas fazendo um total de 200 pessoas.

O número de famílias é de 6.771, que residem em 32 aldeias nas terras indígenas Potiguara dos municípios de Baía da Traição, Marcação e Rio Tinto.

Há um conjunto de aldeias na região, que constituem em três Terras Indígenas (TIs) contíguas. A TI Potiguara, a TI Jacaré de São Domingos, e a TI Potiguara de Monte Mór.

Índios Potiguaras- Crédito: Mardeen Henrique

Baía da Traição tem muitos riquezas naturais e vários roteiros ambientais para nativos e turistas, a exemplo de: falésias, arrecifes de corais, manguezais, praias paradisíacas, rios com águas cristalinas, ruínas históricas e a maior reserva indígena dos índios Potiguaras, cujos habitantes preservam e mantém os costumes.

Entre os pontos turísticos estão às praias de Tambá, da Baía, Prainha e Cardosa; os rios do Gozo, Sinimbu e o Dendezeiro, como também a Lagoa Encantada; entre os monumentos estão o antigo Farol, ruínas de São Miguel e os Canhões da Aldeia Forte; Casa do Bejú e as aldeias indígenas onde são encontradas a arte e cultura Potiguara.

Momento de Espiritualidade dentro da floresta em ritual de entrega do colar ANIKAUAI- Crédito: Aurora Aventura

Opções de lazer

Para quem deseja se hospedar na região da praia existem 17 pousadas, diversos bares e restaurantes que mantém uma gastronomia derivada de frutos do mar, sorveterias, profissionais credenciados para fazer passeios de buggys e também para levar os turistas nas trilhas, em áreas pouco frequentadas de preservação e conservação.

Um dos lugares considerados sagrados pela população da Baia da Traição é o Rio do Gozo. Água limpas e cristalinas com uma vegetação exuberante, ele é a nascente do Rio Sinimbu, que deságua em diversas localidades do município proporcionando banhos em diversos pontos do município.

Índios Potiguaras- Crédito: Mardeen Henrique

Conforme Emerson Isais, um dos administradores do local, esse trabalho realizado no Rio do Gozo vem beneficiando toda a comunidade que, além de preservar o lugar tido como sagrado pelos nativos, também vem gerando renda para população.

“Nós decidimos preservar o Rio do Gozo que é um lugar sagrado para nós. Então, a nossa comunidade decidiu fazer um ordenamento para manter o lugar bem conservado sem a poluição dos paredões de som e o lixo que era deixado pelas pessoas quando vinham tomar banho no rio”, explica Emerson.

Para ter acesso ao Rio do Gozo basta a pessoa pagar uma taxa simbólica de R$ 2,00. Tem uma área que é reservada para as pessoas que queiram fazer churrasco e, na parte que fica em torno do rio existem mesas onde as famílias se reúnem para fazer refeições. Caso a pessoa não leve alimentos, os moradores da comunidade vendem ensopados de diversos crustáceos, peixes, entre outros itens da culinária local.

Índios Potiguaras- Crédito: Mardeen Henrique

Preservando a cultura indígena

No caminho que leva ao Rio do Gozo existem duas paradas obrigatórias.

Uma é nas ruínas da Igreja São Miguel e a outra é no Ateliê Arte Potiguara, do índio Sever, natural da aldeia Tracoeira, que descreve os costumes e história dos seus descendentes em traços da pintura óleo sobre tela, artesanato, musica e em peças de decoração.

Sever, conta que começou a desenhar aos oito anos de idade e hoje a sua arte está na rota do turismo do Receptivo de Barra de Camaratuba, onde o turista é acolhido antes de ir para o banho no Rio do Gozo.

Em pousadas, bares e restaurante da Baia da Traição, os trabalhos do artista plástico é exposto e admirado pelos visitantes, tendo sido noticia em um programa nacional de emissora de televisão, “essa divulgação nacional foi um grande reconhecimento do meu trabalho que hoje é ponto de parada para de turistas de diversas localidades que vem aqui”, declara Sever.

O próximo projeto do índio Sever é um novo meio de hospedagem, onde o turista vai se alojar em rústicas ocas indígenas.

Além da pintura belíssima, o turista que for ao ateliê também vai encontrar belas bijuterias, entre outros utensílios.

Personagens

José Ciríaco, Capitão Potiguara da Aldeia Forte-

Uma das lideranças mais ativas do povo Potiguara da Paraíba, é José Ciríaco, Capitão Potiguara da Aldeia Forte, professor, representante da CNPI (Comissão Nacional de Política Indigenista, do Conselheiro Distrital de Saúde Indígena (CONDISI).

Ele atua no movimento indígena dentro do município, no estado e com articulação nacional, em defesa dos direitos indígenas do povo Potiguara e de todos os índios do Brasil.

O personagem feminino do local é, Itajaciana Maximiano, da Aldeia Forte. Guerreira Potiguara, professora da rede Municipal de educação da Baia da Traição, Presidenta da Associação TORÉ FORTE, e Presidenta do Conselheiro Distrital de saúde Indígena- CONDISI, Potiguara/PB.

Itajaciana Maximiano, da Aldeia Forte

Covid-19

Baía da Traição, já vacinou mais de 95% da população com mais de 18 anos, com a primeira dose da vacina contra a Covid-19.

Foi o primeiro município da Paraíba a vacinar a população com 18 anos ou mais. Dados da Secretaria de Saúde de Baía da Traição.

“Agora estamos com uma busca ativa para identificar os retardatários, aqueles que no início se recusaram a tomar a vacina, mas que vendo a eficácia do imunizante, decidiram tomar a vacina nesse momento. Como Baía da Traição é uma cidade essencialmente turística, as casas de veraneio, desde o início da pandemia, estão sendo usadas como primeira residência, e esses residentes não estão no cadastro do Ministério da Saúde”, declara o secretário de saúde Aluízio José de Lorena.

O resultado da busca ativa será entregue ao Governo do Estado para que seja discutida a possibilidade de incluir esse público na vacinação contra a Covid-19.

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