Autocuidado pode economizar bilhões aos sistemas de saúde, aponta estudo

Sistemas de saúde no Brasil gastam cerca de R$ 5,9 bilhões por ano no tratamento de doenças sem gravidade. Foto: Acervo Bayer - MIPs.

Hoje (24 de julho), comemoramos o Dia Mundial do Autocuidado, data estipulada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com intuito de conscientizar a população sobre a necessidade de atenção contínua à saúde.

Segundo este órgão, o autocuidado está baseado em atitudes que buscam estabelecer ou manter a saúde, além de prevenir e lidar com doenças, o que inclui medidas de higiene, alimentação, estilo de vida em geral (como a prática de esportes, atividades de lazer etc.), boas condições ambientais (moradia, hábitos sociais), socioeconômicas, culturais, e por último, mas não menos importante, o uso racional de medicamentos que não precisam de prescrição médica.

Uma pesquisa publicada em 2018 pela Associação Latino-americana de Autocuidado Responsável mostrou que os sistemas de saúde no Brasil podem gastar cerca de R$ 5,9 bilhões por ano no tratamento de quatro doenças comuns sem gravidade: lombalgia, candidíase, resfriado e diarreia.

Somado aos gastos dos demais países analisados, Argentina, Colômbia, México e Chile, esse custo chega a R$ 13,3 bilhões. Contudo, se 50% dos casos relatados fossem tratados por meio de medicamentos isentos de prescrição (MIPs) os sistemas poderiam economizar cerca de R$ 6,4 bilhões.

“A discussão sobre o autocuidado é de extrema importância, já que pode não só ajudar as pessoas a entenderem como praticá-lo, mas também sobre o seu potencial na otimização de recursos e serviços nos sistemas de saúde, empoderando o indivíduo para que ele cuide de si próprio e de sua família, e como consequência, da sociedade e do ambiente em que vive”, explica Sydney Rebello, Presidente da divisão de Consumer Health da Bayer no Brasil.

Conheça os MIPs

De acordo com Edna Xavier Barros Perioto, farmacêutica de uma Unidade Básica de Saúde do município de São Paulo, os MIPs são medicamentos aprovados pelas autoridades sanitárias para o tratamento de sintomas e males menores, que trazem segurança e eficácia, desde que usados conforme as orientações constantes em bulas e rótulos.

“Já fiz uso de várias medicações leves que resolveram o problema no momento, porque não era algo grave. Usaria novamente, e sei que muitas pessoas fazem isso quando necessário”, afirma Jorge Sena, de 58 anos, morador da favela de Vila Clara, em São Paulo. O segurança relata que um certo dia acordou com fortes dores nas costas. Ao ouvir a queixa, sua esposa correu até a drogaria mais próxima e comprou uma cartela de analgésico e anti-inflamatório, eliminando os sintomas em pouco tempo sem que ele precisasse ir até um hospital.

Edna explica que esses fármacos são conhecidos internacionalmente como OTC, que significa “Over-the-Counter” ou “Além do Balcão”, em português, já que são remédios que podem ser vendidos sem que o consumidor tenha que apresentar uma receita médica. Para ela, isso facilita o acesso à medicação, pois o usuário pode levá-la diretamente ao caixa. Já nas Unidades Básicas de Saúde, para adquirir os MIPs é necessário ter prescrição médica, seguindo as diretrizes da portaria municipal 82 de 2015 e a federal de 1998.

Autocuidado em tempos de pandemia

O autocuidado e a promoção da saúde e bem-estar são o propósito da divisão de Consumer Health da Bayer, e é o que vem guiando as iniciativas da empresa até aqui. Neste sentido, em 2020, a multinacional alemã encomendou um estudo ao Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE)para entender como a população brasileira cuida de si, o que significa autocuidado para esse público e o que mudou na rotina devido ao cenário da pandemia de COVID-19.

Dados da pesquisa revelaram que os brasileiros passaram a se preocupar mais com sua imunidade, e também com hábitos de higiene.
Veja a ilustração a seguir.

Infográfico com base no estudo “Autocuidado”, IBOPE DTM e Bayer, Julho de 2020. Crédito: Jaqueline Silva.

Vanessa Dias Heguedusch, de 30 anos, que mora na Favela Cidade Nova Heliópolis, se enquadra nos dados dessa pesquisa. A assistente administrativa relata que usa MIPs para aliviar dores musculares, cefaleia e cólicas menstruais, e eventualmente para resfriados ou infecções, porque acredita serem eficazes para o tratamento desses problemas. Contudo, ela afirma que usa em situações de extrema necessidade. “Acredito que tudo que se usa com abuso, resulta numa piora”, complementa.

Para a farmacêutica Edna, os MIPS, de certa forma, ajudam as pessoas que não podem passar por consultas durante a pandemia, por atuarem de forma preventiva na piora dos sintomas. Porém, ressalta a diferença entre automedicação responsável –que é o ato de usar medicamentos isentos de prescrição para tratar condições simples e não graves –, com auto prescrição, que se refere ao uso de medicamentos tarjados e que necessitam de receita médica.

A especialista reforça a necessidade do consumo consciente de fármacos, seguindo as instruções de profissionais capacitados para isso, como o farmacêutico ou o médico. “Esses medicamentos são livres de prescrição, mas nunca de orientação”, acrescenta.