Aumento de 43% nas mortes por polícias é a medida da insegurança nas favelas cariocas

Moradores de favelas protestam contra a polícia na Zona Sul do Rio - Foto da internet

Mortes por policiais no Rio de Janeiro tiveram grande aumento em abril, na contramão de crimes como homicídios e roubos, quando o estado já estava sob isolamento social. Foram 177 mortes em operações, 43% a mais do que no mesmo mês no ano passado e o equivalente a uma morte a cada quatro horas. Quando se considera o acumulado do quadrimestre, são 606 óbitos e um crescimento de 8%. Os números foram divulgados hoje, 26, pelo Instituto de Segurança Pública, ligado ao governo.

As operações e as mortes decorrentes delas tiveram uma queda em março, início do isolamento, mas subiram em abril e maio, conforme mostrou esse levantamento do Observatório da Segurança do RJ, ligado à Universidade Cândido Mendes.

As operações e tiroteios em geral, mesmo em meio à crise sanitária, impedem a distribução de alimentos e ações humanitárias nas favelas e periferias, paralisando o atendimento em unidades de saúde que já seguem um protocolo de guerra para funcionar durante tiroteios.

O aumento dos óbitos por agentes contrasta com a queda de outros crimes durante o isolamento social. Os homicídios dolosos caíram de 360 para 311 e de 1.413 para 1.355 no quadrimestre, em relação a 2019. Os crimes contra o patrimônio também registraram uma diminuição expressiva em abril, ainda maior do que em março. Os roubos de rua despencaram 64% (de 11.040 para 4.021), os roubos de veículos encolheram 51% (de 3.755 para 1.847) e os roubos de carga baixaram 49% (de 667 para 377). A queda nos indicadores pode ter ocorrido, segundo o Instituto de Segurança Pública, também por causa da diminuição dos registros das ocorrências, resultando em subnotificações.

O Rio de Janeiro tem recomendado a restrição à circulação de pessoas desde o dia 13 de março. No dia 16, Witzel decretou estado de emergência e determinou efetivamente o fechamento de grande parte dos estabelecimentos comerciais e serviços, que passou a valer no dia 18. Com as restrições, as delegacias passaram a atender presencialmente apenas casos de emergência, como homicídios, prisões em flagrante, roubos de veículo e mulheres vítimas de violência. O restante das ocorrências vem sendo registrado por meio da Delegacia Online e da Central 190.