Assexuais reivindicam visibilidade no mês do orgulho LGBTQIAP+

Ainda hoje, muitos acreditam que o A da sigla LGBTQIAP+ se refere à aliados, mas é um engano, a letra se refere à orientação sexual chamada de assexualiadade. Assexuais são as pessoas que não sentem atração sexual e, neste mês que celebra o orgulho da diversidade sexual e de gênero, pedem por visibilidade.

A assexualidade pode ser entendida em um espectro, começando na chamada assexualidade estrita: a pessoa não sente atração sexual. Existe uma área cinza, que compreende variações, como a demissexualidade, quando a pessoa raramente sente atração sexual, com a necessidade de uma conexão afetiva.

A designer gráfica Sara Hanna, 38 anos, de São Paulo, capital, faz parte do coletivo de assexuais ABRACE. Segundo ela, o grupo trabalha visando a informação e educação sexual para que mais pessoas saibam que existe uma comunidade assexual e possam se reconhecer.

Sara acredita que o respeito e a busca por políticas públicas para a plena vida sexual se dão em várias frentes. Por isso, a visibilidade assexual também colabora para o entendimento das diversidades sexuais.

Assexuais reivindicam respeito

A designer pontua algumas pautas do movimento de assexuais que mostram a necessidade de um espaço maior para essa comunidade no mês do orgulho LGBTQIAP+. “Ser assexual diverge da norma ao questionar a atração sexual compulsória”, diz a representatividade do coletivo.

Ela conta que os assexuais, assim como outras orientações sexuais, sofrem com a falta de acesso de qualidade à saúde mental e física especializadas em suas vivências.

Sara Hanna, do coletivo ABRACE. FOTO: Arquivo pessoal

Na saúde, eles buscam por políticas que visem o fim da hormonização compulsória e de tratamentos psicológicos e psiquiátricos que propõem uma “cura”. Diferente de disfunções da sexualidade humana, na assexualidade as pessoas não sofrem com a falta de atração sexual, nem se trata de uma perda de libido.

Sara relata que muitos profissionais da urologia e ginecologia negam pedidos de exames essenciais na prevenção de doenças, com a presunção de que quem não pratica sexo não necessita, o que pode comprometer a saúde.

A ideia de que a assexualidade é uma falta de sexo faz parte da cultura do estrupo presente na sociedade patriarcal. O coletivo ABRACE age também no combate ao “estupro corretivo” de assexuais, que é quando acontece o assédio ou interações íntimas forçadas, na intenção de “curar” da assexualidade.

Contra a cultura do estupro

A professora Manuela Portela, 26 anos, de Itabuna (BA), é ativista da comunidade LGBTQIAP+ e, durante muitos anos, um dos seus projetos foi administrar uma página no Facebook chamada Censo Ace, quando as páginas dessa rede social estavam em alta. Ace é uma gíria para assexuais, assim como gay para homossexuais.

“A gente tem um estigma muito grande na sociedade. Assim que eu digo para as pessoas que existem assexuais que transam, elas criam na mente delas que esse é o assexual correto. E o assexual que não transa está errado, porque é errado não transar, é errado não ter relações sexuais.”

Para ela, isso é extremamente preocupante, principalmente para as mulheres, levando em consideração a cultura do estupro. A ativista cita que muitas pessoas assexuais se colocam em situações que não se sentem confortáveis por conta da pressão social.

Manuela Portela, ativista. FOTO: Arquivo pessoal

Alguns assexuais se forçam a ter relações sexuais apesar de não quererem, de não sentirem vontade, especialmente antes de se descobrirem enquanto assexuais.

Manuela Portela também chama a atenção para a alta de respeito de parceiros e parceiras quanto não existe a vontade de se relacionar sexualmente. “É o esperado da sociedade, porque existe uma pressão social, existe uma demanda nos relacionamentos. É muito difícil você ter um relacionamento romântico e escolher não ter relações sexuais”, finaliza.

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