Argentina: Massa destrói Milei no debate presidencial

Massa encurrala Milei no debate presidencial. Foto: Reprodução

No último domingo, foi realizado o terceiro debate presidencial de 2023 entre o candidato peronista Sergio Massa, da Unión por la Patria, e seu adversário de extrema direita, Javier Milei, do La Libertad Avanza, uma semana antes do segundo turno, que acontecerá no próximo domingo, 19 de novembro, e definirá quem será o novo presidente argentino a partir do dia 10 de dezembro.

A troca de ideias, obrigatória por lei, aconteceu na Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires (UBA) e foi transmitida ao vivo pela TV e online. A Câmara Nacional Eleitoral desenhou os seis eixos temáticos do debate presidencial previstos em lei, na sede da Câmara Nacional Eleitoral e todos fizeram parte desta intersecção entre os candidatos. No primeiro turno eleitoral, em 22 de outubro, Massa obteve 37% e Milei, 30%.

Propostas predatórias e obscurantistas

Massa pressionou e derrotou Milei. Durante longas passagens, obrigou-o a defender-se e a tentar explicar as suas propostas. Massa deixou atônito o candidato do La Libertad Avanza perguntando-lhe “sim ou não” em relação a implementar propostas predatórias e obscurantistas.

Algumas delas são a dolarização, a eliminação do Banco Central, o corte de subsídios às tarifas de transporte, serviços públicos e planos de assistência social, além de privatização de recursos naturais.

“Sim, vamos dolarizar a economia”, respondeu Milei, que na última parte da campanha não disse como implementará a medida num momento em que economistas de diferentes correntes alertaram sobre a sua inviabilidade face à crise e escassez de dólares que afeta a economia argentina.

Milei também não detalhou a forma como pretende levar a cabo um dos eixos centrais do seu programa. Massa observou que o fará “apropriando-se das poupanças das pessoas“.

Quando Milei confirmou que “vamos fechar o Banco Central porque é ele que gera a inflação”, Massa atribuiu isso ao fato de “não terem renovado o estágio do economista ultraliberal no Banco Central”, onde trabalhou na juventude, e deu a entender que ele não passou em um exame psicotécnico.

“Entendo que você esteja irritado com o Banco Central porque, em algum momento, você se sentiu rejeitado, e não quer abraçar o que lhe rejeitou”, declarou Massa.

Diplomacia de abraços abertos para China e Brasil

Massa alertou sobre o impacto que vai provocar na economia do país as posições críticas de Milei em relação à China e ao Brasil, os dois principais parceiros comerciais da Argentina. Em troca, propôs uma diplomacia de “braços abertos para todos os países que exigem trabalho argentino”.

O candidato de extrema-direita afirma que, se vencer, formará uma aliança com os Estados Unidos e Israel. Anunciou que não terá relações comerciais com a China porque esta não respeita as liberdades individuais e chamou o presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva de “comunista“.

“Por preconceito ideológico, vão deixar dois milhões de argentinos nas ruas”, alertou Massa, que acrescentou que o comércio com a China e o Brasil representa ao país uma receita de 28 milhões de dólares.

Milei ofende Papa Francisco e revela admiração por Thatcher

Dando continuidade à sua estratégia, Massa lembrou os termos duros que Milei usou contra o Papa Francisco. Tudo começou quando, no intervalo de perguntas entre os candidatos, Sergio Massa o exortou a “pedir perdão ao Papa, que é o argentino mais importante da história“, por tê-lo “ofendido”.

O ministro aludiu aos “insultos” que provocaram inclusive mobilizações por parte de alguns setores católicos, e até respostas muito duras da liderança da Igreja Católica argentina.

“Mais do que uma pergunta, quero fazer um pedido a você”, disse Massa e instou o candidato a pedir perdão ao Papa. A resposta foi inusitada: “As minhas declarações foram feitas num contexto em que eu ainda não estava na política”.

Massa retrucou: “Este homem ofendeu o argentino mais importante da história. Vamos trabalhar para que o Papa visite a Argentina em 2024″, afirmou o ministro.

A figura da ex-primeira-ministra da Grã-Bretanha, Margaret Thatcher, foi também outro dos contrapontos. Massa repreendeu Milei pela admiração pelo já falecido líder, que ocupava o cargo quando ocorreu o conflito armado em 1982 pela soberania das Ilhas Malvinas, sob domínio britânico e que os argentinos reivindicam como sua.

“Thatcher é inimiga das Malvinas, ontem, hoje e sempre. Nossos heróis não são negociáveis. Defendo a soberania das Malvinas”, afirmou o candidato peronista.

Em busca de diálogo e consenso

No encerramento do debate, quando questionado sobre porque quer ser presidente, Massa disse:

“Quero ser presidente sabendo que alguns votarão em mim sem serem convencidos, como um veículo para não escolher um caminho que seja de violência e dano.” Além disso, destacou a necessidade de “enterrar definitivamente a ruptura” e de ter “diálogo e consenso que proporcionem previsibilidade a longo prazo”.

Para as eleições do próximo domingo, Milei aceitou apoio e foi assessorado por consultores do círculo do ex-presidente conservador Mauricio Macri (2015-2019), que levou a Argentina à falência econômica em que se encontra hoje, com o seu empréstimo de 54 bilhões de dólares ao FMI (Fundo Monetário Internacional).

Massa, por sua vez, recebeu o apoio de forças progressistas e de lideranças peronistas que não estão alinhadas com o atual governo.

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