Após um ano, PM que matou a menina Ágatha segue em liberdade

PM que efetuou o disparo que atingiu Ágatha segue em liberdade - Foto: Reprodução

No último domingo, 20, completou um ano em que Ágatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, foi baleada nas costas por um tiro de fuzil quando voltava para casa de kombi com a mãe, Vanessa Sales Félix, na região da Fazendinha, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro. O disparo partiu da arma do cabo da Polícia Militar Rodrigo José de Matos Soares.

Na época, o PM da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) alegou que atirou contra uma dupla de moto que estaria fugindo de uma blitz. Apesar da denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) por homicídio qualificado no ano passado, ele ainda não foi julgado. A primeira audiência está marcada para o dia 26 de novembro. O agente acusado de matar Ágatha segue fazendo trabalhos burocráticos na Diretoria de Veteranos e Pensionistas (DVP) da PM na UPP Fazendinha.

A Anistia Internacional cobra justiça. “Após um ano da morte da menina Ágatha, a Anistia Internacional segue exigindo justiça e a adoção de uma política de segurança pública baseada em inteligência e treinamento das forças de segurança, pautada na proteção e preservação das vidas”, disse a entidade.

Nas redes sociais, diversas personalidades das favelas brasileiras relembraram o caso com as hashtags “JusticaParaAgatha” e “AgathaPresente”. “Raull Santiago do “Coletivo Papo Reto” publicou em seu perfil no Twitter mensagem cobrando uma política de segurança protetora em vez de genocida:  “As forças de segurança do Estado precisam proteger o cidadão. Quantos mais Ágathas, Kauãs, Jenifers, Kauês, Kettelens precisarão perder suas vidas para que tenhamos uma política de segurança que proteja os moradores e moradoras de favelas e periferias?”, indagou o ativista social do Complexo do Alemão.

Cresce o número de crianças baleadas

Segundo dados do aplicativo “Fogo Cruzado”, após a morte de Ágatha, o número de crianças baleadas no Grande Rio só cresceu. Desde então 29 crianças foram baleadas, oito delas morreram. A maioria das vítimas (21) foi atingida por balas perdidas. A capital do estado foi a que teve o maior número de crianças baleadas durante o período (14), quatro delas morreram. Em seguida, ficaram São Gonçalo (4), Belford Roxo (3), São João de Meriti (2), Duque de Caxias (2) e Magé, Maricá, Guapimirim e Nova Iguaçu com um baleado cada.

Nove das 29 crianças foram baleadas na presença de um agente de segurança pública: seis no Rio de Janeiro (6), duas em São João de Meriti (2) e  uma em São Gonçalo (1), duas delas morreram.