Aniversário de Curitiba: 326 anos de exclusão e preconceito

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No aniversário da “Cidade Modelo”, as favelas não têm o que comemorar.
A capital paranaense Curitiba comemorou seus 326 anos no dia 29 de março. Os parques, pontos turísticos, escolas e universidades, comércios e lugares centrais da cidade tiveram grandes comemorações onde o prefeito Rafael Greca (DEM) e seus representantes anunciaram os índices de qualidade de vida dos curitibanos, as obras e os “porquês” Curitiba tem os títulos de “Cidade Modelo”, “Capital Europeia”, “Cidade Sorriso” mas enquanto o asfalto curitibano estava em festa as favelas não tinham nada para comemorar. As 209 favelas de Curitiba e região metropolitana continuam a sofrer com enchestes, descaso, violência policial, falta de saneamento básico e isolamento.
Não só excluídos das festas de aniversário da capital paranaense o abismo que separa os moradores das favelas dos moradores do asfalto está cada vez maior. Enquanto os bairros nobres tem IDHM 2016 ( Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) de 0 a 1, O IDHM é de 0,956, as favelas variam seus índices IDHM entre 0,623 e 0,415. Esse índice considera três dimensões do desenvolvimento humano: longevidade, renda e educação. Ou seja, traduzindo esses números, os moradores da favela vivem em média 15 anos a menos que os moradores dos bairros atendidos pela prefeitura, enquanto os bairros nobres têm renda média de 5 salários mínimos as famílias das favelas vivem com uma média de 1,5 salários e no fator educação a diferença é ainda maior nos bairros com maiores índices de IDHM, 65% das pessoas com até 30 anos possuem terceiro grau completo e estão cursando uma especialização ou pós graduação, já nas favelas 72% das pessoas não terminaram o ensino médio. Os rankings de desigualdade de Curitiba são tão gritantes que inclusive a ONU (Organização das Nações Unidas) na pesquisa Fórum Urbano Mundial 2010 classificou a capital paranaense em 17° lugar no ranking das cidades mais desiguais do mundo. Mas mesmo com todos esses dados os planejamentos urbanos e socais da cidade estão voltados apenas para os bairros de classe média.
No plano de Governo de Curitiba do prefeito Rafael Grega (DEM 2017-2020) está previsto apenas 514 novas unidades habitacionais sendo que o déficit habitacional da cidade é de 70.949 domicílios de acordo com os dados das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (Pnad 2015). Quando questionado sobre os números da educação o prefeito coloca a culpa no Governo Estadual e Federal, uma vez que sua assessoria de imprensa repete incansavelmente que Curitiba tem um dos melhores indicies de educação básica do país ( 1° a 5° ano) e que ensino médio é responsabilidade do Estado, porém omitem o que somos a 7º capital com maior número de crianças nas filas de creches e de que a tarifa de ônibus de Curitiba é a mais cara entre as capitais (R$ 4,50).
Falta de moradia, falta de acesso a transporte e educação são os principais fatores que levam a exclusão de bairros e integração das favelas a cidade até quando Curitiba irá comemorar aniversários sem a participação da favela ?