ANF participa da plenária em defesa da liberdade de expressão

Créditos - Beatriz Bernardes

Na última terça-feira (06/08), ocorreu no Sindicato dos Jornalistas, a Plenária mensal da Fale-Rio, em defesa da liberdade de expressão. O evento contou com duas rodas de conversa, Mídias alternativas impressas e resistência democrática e Lutas em curso pela Liberdade de Expressão, que levantaram a importância dos jornais comunitários na luta por uma comunicação mais democrática e representativa. Num momento de inúmeras ameaças, como a possibilidade de extinção da ANCINE, tentativa de desmoralização e criminalização de atos jornalísticos como o do Intercept na figura do Glenn Greenwald, momentos de diálogo entre movimentos sociais se tornam cruciais.
Com esse intuito, a noite iniciou-se com falas de três dos maiores jornais comunitários da cidade do Rio de Janeiro e do país: Jornal Brasil de Fato, Jornal A Voz da Favela e Jornal Inverta. Três perguntas buscaram condicionar a fala dos participantes para um maior entendimento do funcionamento dessas mídias alternativas, tais quais: Como se dá o processo de produção? Como a distribuição é feita? Quais os principais impasses/desafios que os jornais comunitários enfrentam para continuarem funcionando?
O ponta pé inicial foi dado pela jornalista Flora Castro, representante do Jornal Brasil de Fato há quase dois anos. Flora, trouxe um panorama sobre a criação do jornal a partir do Fórum Social Mundial 2003 que nasceu com um viés militante, junto aos movimentos populares, como o MST, e partir de 2013 passou a circular cinco mil exemplares físico pelas ruas da cidade carioca e outras 9 cidades pelo Brasil. Os artigos são feitos por jornalistas da cidade e abordam questões como futebol, política, cultura e outros assuntos, sendo sua distribuição realizada semanalmente às quintas-feiras na Central, Estácio e outros pontos da cidade. Em seguida, representando o Jornal a Voz da Favela, a editora Karen Melo contou um pouco da história do jornal que surgiu a partir de um sonho do diretor André Fernandes. A partir de 2016, o jornal passou a ter versões impressas e possui desde então  cem mil exemplares, mensalmente, divididas entre o Sudeste e Nordeste. A produção é feita através de colaboradores comunitários e jornalistas, predominantemente moradores de favelas, e é distribuída também por colaboradores sem valor fixo. Por último, o Júlio Lobo do jornal Inverta, apontou o 500° edição do jornal, que conta com jornalistas no Brasil e no mundo, contando também com versões em espanhol com o Prensa Latina.
Em suma, todos os jornalistas concordaram que o maior desafio dos jornais comunitários atualmente é a dificuldade de aumentar seu alcance e no momento em que o diálogo tem sido deturpado pelas fakenews, é ainda mais importante sua presença. Para mudar essa realidade, é necessário impulsionar as mídias alternativas e tomar consciência do trabalho árduo realizado pelos diversos jornalistas no Brasil, em luta por uma comunicação eficiente, representativa e realista. Juntos será possível enfrentar os retrocessos feitos pelo governo atual.