Adolescentes negros são agredidos por seguranças dentro de shopping em Salvador

clientes filmaram as cenas de agressão contra adolescentes dentro do Salvador Shopping- Crédito: Reprodução

Dois adolescentes foram impedidos de permanecer dentro do Salvador Shopping. Eles foram retirados do local de forma violenta e agressiva pelos seguranças do estabelecimento. O episódio aconteceu na noite da última segunda-feira, 28. O Salvador Shopping fica localizado na Avenida Tancredo Neves, em Salvador.

Algumas pessoas que presenciaram as cenas de violência informaram que os seguranças agiram de forma truculenta.

Foram registradas algumas cenas das agressões sofridas pelos adolescentes que foram imobilizados com um golpe conhecido como ‘mata-leão’.

O Shopping Salvador informou em nota que lamenta o ocorrido e que as orientações passadas para os funcionários é contrária ao que foi presenciado pelas imagens dos clientes. Ainda segundo o comunicado a administração do shopping o fato está sendo apurado internamente para que os envolvidos sejam responsabilizados.

Policias Militares foram chamados com a ocorrência de que um adolescente teria agredido um dos funcionários do shopping. O meno e o funcionário que teria sido agredido foram encaminhados pela Polícia Militar à Delegacia para o Adolescente Infrator (DAI).

Confira o vídeo da agressão.

Nota do Coletivo de Entidades Negras 

O Coletivo de Entidades Negras (CEN), instituição do movimento social negro brasileiro, repudia o ato amplamente noticiado, que remonta dores antigas e também recentes vividas por nós, como o assassinato de Alberto Freitas por seguranças do Carrefour. Por detalhes, não vimos se repetir o roteiro que indica vidas negras como aquelas a serem ceifadas.

Os corpos indesejados dos jovens violentados pelos seguranças do Salvador Shopping foram conduzidos para os corredores internos do centro comercial – onde não sabemos ao certo que tipo de práticas foram usadas – e depois levados para a delegacia, segundo relatos dos presentes publicados pelos veículos de comunicação.

Cobramos imediata apuração do casos pelos órgãos responsáveis e encaminharemos essa nota pública ao Centro de Referência de Combate ao Racismo Nelson Mandela, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia (Sepromi), para que fique registrada a denúncia, a ser tipificada como crime de racismo.

Devem ser acionados, ainda, a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Bahia, para que uma articulação exija do estabelecimento supracitado providências no que diz respeito a 1) a localização das vítimas e reparo imediato das violências psíquicas e físicas sofridas por elas e 2) a instalação de um grupo externo que audite práticas racistas na cultura organizacional da empresa, propondo mudanças estruturais na forma de orientação dos funcionários e colaboradores.

Propomos publicamente, ainda, um boicote coletivo, da sociedade soteropolitana e baiana, ao Salvador Shopping. Pois o capitalismo brasileiro, fundado sobre bases racistas e escravistas, só entenderá o recado desta forma. Não haverá sossego enquanto o racismo estrutural seguir nos matando subjetiva ou objetivamente, pois seguiremos em marcha.

Nenhum passo atrás!