A Vila Isabel dá Samba

Fonte: Reprodução da Internet

João Batista Viana Drummond, empresário abolicionista comprou terras na área chamada de “Imperial Quinta do Macaco”, posses da Imperatriz Dona Amélia, após a retirada dos imperadores e se inspirou na arquitetura parisiense para construir o bairro. Ele foi loteado e urbanizado por um arquiteto e assim, Vila Isabel foi um dos primeiros bairros do Rio de Janeiro a ser projetado. O nome da princesa Isabel do Brasil, filha de Dom Pedro II e Teresa Cristina, foi dado ao bairro em homenagem ao seu grande feito de assinar a Lei Áurea. O Progressista, Barão de Drummond, nomeou a avenida mais importante do bairro de Boulevard 28 de Setembro, dia em que a Lei do Ventre Livre foi promulgada.

Vila Isabel ganhou um outro lado em 1885, quando uma fábrica de tecidos foi construída entre Vila Isabel e Andaraí a Companhia de Fiação e Tecidos Confiança Industrial. Ela teve seu melhor momento durante a segunda guerra mundial, a fábrica costurava os uniformes das Forças Armadas do Brasil. Além da importância fabril, a instalação da fábrica no bairro trouxe também novos moradores ao local, foram construídas no entorno várias vilas operárias para os trabalhadores da fábrica. Hoje, apesar da Companhia de Fiação e Tecidos Confiança Industrial não funcionar mais, o local é usado por um supermercado, a construção principal e todas as vilas operária foram tombadas.

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O ambiente progressista e boêmio fez de Vila Isabel o reduto do samba. Grandes compositores e cantores como Noel Rosa e Martinho da Vila, consagrados no samba são frutos de Vila Isabel. A musicalidade do bairro está estampada nas calçadas da 28 de Setembro, partituras de músicas famosas como Feitiço da Vila de Noel Rosa, Abre Alas de Chiquinha Gonzaga, Aquarela do Brasil de Ary Barroso, Pelo Telefone de Donga/Mauro de Almeida entre muitas outras canções foram desenhadas com pedras portuguesas ao longo de toda avenida. O projeto do ano de 1965 foi aprovado pelo governador Negão de Lima e Vila Isabel ficou ainda mais musical.

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Uma das escolas mais tradicionais do Rio de Janeiro nasceu no bairro, a Unidos de Vila Isabel foi criada pelo Seu China e tinha como objetivo ser apenas um bloco de carnaval, mas em 1947 a escola saiu pela primeira vez como escola de samba, e assim foi renomeada de GRES Unidos de Vila Isabel. A escola foi campeã pela primeira vez em 1968 com o samba enredo “Kizomba – Festa da Raça” de Rodolpho de Souza, Jonas e Luiz Carlos da Vila. Após ser rebaixada no ano 2000, ela volta ao grupo especial em 2005 e é a grande campeã em 2006 com o samba “Soy Loco Por Ti America: A Vila Canta a Latinidade” composta por Alexandre Louzada. O título de tri campeã veio em 2013 com o samba enredo “A Vila Canta o Brasil, Celeiro do Mundo – Água no Feijão Que Chegou Mais Um” escrita por Martinho da Vila, Arlindo Cruz, André Diniz, Leonel e Tunico da Vila em que a escola cantava a vida no interior e no campo.

Hoje, o bairro da zona norte é marcado pela diversidade, pessoas de várias classes sociais moram no local e convivem nos bares tradicionais do bairro, localizados em sua maioria na rua 28 de Setembro. A vida boêmia e o samba ainda são características marcantes de Vila Isabel, são realizadas diversas rodas de samba nos bares da Vila, além de shows na quadra da Vila Isabel, onde além de grandes nomes se apresentam também artistas novatos e que hoje tenta resgatar a memória da tão tradicional escola de samba.