A guerra suja das fake news entra na onda bolsonarista

Reprodução do Rodrigo Constantino no Twitter

O jogo sujo das fake news começou antes mesmo do desemprego anunciado pelo governo federal. Alguém publicou a foto de um mercado em pleno saque na cidade de São Vicente, São Paulo, como exemplo do que o presidente Jair Bolsonaro vem repetindo que vai acontecer em consequência das medidas restritivas adotadas por vários governos estaduais.

No mesmo diapasão do chefe do governo, o economista Rodrigo Constantino republicou a foto nas redes com a legenda “Já começou, e o desemprego nem subiu ainda! Vão produzir um cenário de caos, de anomia, de terra sem lei, de Mad Max!” A Gazeta do Povo, de Curitiba, outra trombeta da banda palaciana, também embarcou na canoa furada.

A foto, na verdade, foi feita durante os protestos de junho de 2013, na onda do aumento das tarifas de ônibus em várias cidades. “Não é pelos vinte centavos”, a palavra de ordem da época, foi a alavanca para manifestos legítimos e ilegítimos, verdadeiros e falsos como os mascarados que depredavam e distribuíam porradas entre manifestantes.

Reproduzindo a fake news, um usuário do Twitter comentou: “Esse é o resultado destas medidas de isolamento social e do sensacionalismo da mídia: povo de geladeiras vazias e sem dinheiro por não ter trabalho”.

O próprio Jair Bolsonaro, encarando hoje, 26, o grupo de repórteres à entrada do Palácio da Alvorada, onde para todo dia para falar grosserias e fazer gracinhas, foi curto e grosso: “O que vocês estão fazendo aqui? Não é pra ficar em casa? Vão pra casa!” Na mesma oportunidade, respondendo à repórter sobre o resultado do seu exame, foi ainda mais curto e grosso: “Você dorme comigo?”

Na onda da ignorância surfada por Bolsonaro e sua trupe, incautos mergulham e se arriscam em divagações várias não só na internet como nas padarias, farmácias e mercados onde circulam:

“Por que a gente tem que ficar isolado em casa? A polícia tá na rua, o pessoal do comércio também, e nós temos que ficar trancados dentro de casa? Por que?”, indagava uma senhora com prováveis 60 anos no mercado perto de casa – felizmente não saqueado.