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Carne com lacre - Crédito: Resprodução/ND

Dia desses, eu relembrava com a minha filha, ao ajudá-la no dever de casa, os tipos de setores da economia, são eles: setor primário: extração de matérias-primas; setor secundário: indústria; e setor terciário: venda de serviços e bens imateriais.

Vamos dar o exemplo do leite extraído da vaca (setor primário), após levado à fábrica para todo o processo até a embalagem (setor secundário), e por último, o setor comercial (setor terciário), onde o produto é vendido. A carne também poderia passar por esses exemplos. No dever de casa, eu me saí bem. Mas acho que seria difícil ao tentar explicar uma cena aparentemente distópica, mas real, nos nossos dias.

Uma coisa que ficaria difícil explicar à minha filha, numa ida ao supermercado: um detector de alarme agarrado nas embalagens de carne. Matéria que saiu em vários meios de comunicação, em que uma rede de supermercado afirma que o lacre de segurança é um “processo padrão já utilizado há mais de 10 anos pela rede, em todas as unidades, não havendo distinção por região”.

Ela, muito perspicaz, me perguntaria: Papai, eles acham que a gente vai roubar a carne? Eles não confiam na gente?

Que relação nefasta essa que se estabelece, mas numa atitude unilateral, pois quem colocou aquele alarme foi o supermercado. O empresário tem medo de ser furtado. Nem vou entrar na questão de preços abusivos.

O governo não fez o dever de casa.  Houve uma declaração em que o presidente dizia: “Não se pode ter noção do todo”. O ministro Paulo Guedes está perdido no meio desse cenário de commodities (matérias-primas básicas, produzidas em larga escala e que podem ser estocadas sem perder a qualidade).

Enquanto isso, o Brasil segue com as pataquadas do Bolsonaro, e mais ainda, com o otimismo jocoso do ministro da economia. Veja a sua fala: “Não podemos ser negacionistas em matéria econômica”. Ele afirma que a situação não está descontrolada e a inflação a 8% faz parte do jogo.

O povo brasileiro merece respeito. O básico na mesa no brasileiro se faz necessário. O povo já é desrespeitado todos os dias, além disso, o roubo sobre o povo brasileiro acontece desde os tempos do Império.

Lembro-me da canção ‘Deus lhe pague’ do Chico Buarque: “Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir. A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir. Por me deixar respirar, por me deixar existir.

Deus lhe pague”.

Estamos chegando num ponto, em que viver poderá virar uma permissão com registro em cartório. Suas declarações na mídia demonstram uma preferência pela elite econômica, em detrimento dos chamados parasitas e pobres que querem usufruir de benesses do Estado, como se o pobre não pagasse impostos. Ou como se a Constituição Federal não deixasse claro, em seu artigo III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais. Como quando defendeu dar os excessos da classe média aos pobres: “Aquilo dá para alimentar pessoas fragilizadas, mendigos, desamparados. É muito melhor do que deixar estragar essa comida toda”.

Moral da história, eu faço o dever de casa, minha filha faz o dever de casa, mas o ministro da economia não o faz, pois ele é bom mesmo em frases desastrosas.

Você já leu a matéria sobre a passeata dos Garis no RJ? Confira agora.

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