Aplicativo “Fogo Cruzado” vai mapear tiroteios no Rio de Janeiro

Protesto pela paz e contra a violência policial mobiliza Complexo do Alemão (Créditos: Reprodução Internet)

Moradores da cidade e região metropolitana do Rio de Janeiro contam agora com uma ferramenta digital colaborativa para dar visibilidade à rotina de tiroteios e violência armada com a qual convivem. Iniciativa da Anistia Internacional, o aplicativo “Fogo Cruzado” está disponível para download gratuito para as plataformas Android e iOS. Os dados acumulados são divulgados em mapas e análises abertos a consultas de autoridades, pesquisadores, imprensa e lideranças locais.

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Aplicativo é integrado a portal aberto para a população.

Ao preencher um formulário, qualquer cidadão pode registrar a ocorrência de um tiroteio em seu bairro. A informação se transforma em notificação no aplicativo. Um mapa da região metropolitana do Rio fica disponível no site Fogo Cruzado, ilustrando a prevalência e a distribuição geográfica e social da violência armada na cidade olímpica.

A ferramenta é promovida agora junto a organizações, coletivos e defensores de direitos humanos que atuam diretamente em áreas de favelas e periferias. O aplicativo vai funcionar em modo piloto/de testes até dezembro de 2016 nas comunidades Jacarezinho, Manguinhos, Complexo da Maré, Complexo do Alemão, Acari, Cidade de Deus e Morro Agudo (Nova Iguaçu), com a perspectiva de ser aprimorado a partir das informações acumuladas nos primeiros seis meses de funcionamento.

“O aplicativo vai nos dar elementos para um tipo de abordagem no debate sobre segurança pública que até então era desconsiderado: quantos são, onde ocorrem e qual o impacto dos tiroteios na vida das pessoas que vivem na cidade do Rio de Janeiro”, explica Cecília Olliveira, pesquisadora e gestora de dados do Fogo Cruzado. “É uma ferramenta para que a população mais afetada pela lógica da guerra mostre, de forma segura, todas as vezes em que é colocada no meio de um tiroteio. Com as informações adicionais solicitadas poderemos ter uma noção mais especifica do custo social dessa violência para as pessoas e para a cidade”, conclui.

A pesquisadora esclarece que já existem ferramentas com a finalidade de fazer denúncias, como o aplicativo NósPorNós e o site Defezap, mas reitera que o objetivo desta nova iniciativa é ter uma ‘fotografia’, um mapa colaborativo da violência armada na cidade que sirva de fonte para uma ampla discussão sobre violência armada e suas consequências no dia a dia da cidade.

O lançamento do aplicativo “Fogo Cruzado” faz parte da campanha “A violência não faz parte desse jogo!“, lançada pela Anistia Internacional em junho e que exige medidas preventivas para evitar violações de direitos humanos nas operações de segurança pública no Rio de Janeiro.