Com produções que abordam temáticas sociais e contemporâneas, o Coletivo Meio Tempo realizará oficinas e apresentações de teatro neste primeiro semestre. Uma caravana cultural, que vai ocupar várias comunidades da capital baiana com apresentações de espetáculos, além de oficinas de teatro e audiovisual. As ações coordenadas pelo Coletivo Meio Tempo serão realizadas nos meses de abril, maio e junho, nos espaços Boca de Brasa localizados na periferia de Salvador (Subúrbio 360º, em Vista Alegre; no Boca de Brasa, em Cajazeiras; e no SESI Casa Branca, na Cidade Baixa).
O coletivo vai apresentar os espetáculos O Contentor – O Contêiner; Boquinha… e assim surgiu o mundo e Esqueça. O cronograma do projeto também inclui duas oficinas de Teatro e Vídeo, voltadas para jovens e adolescentes que residem nestas localidades. As oficinas temáticas EU – documento do mundo e Criando com Celular mudarão a cada semana, de acordo com o espetáculo a ser apresentado. “Esta Caravana veio num momento muito importante de afirmação do trabalho do Coletivo. É um projeto de manutenção e de expansão do que estamos realizando desde 2016. É o reconhecimento do trabalho e da arte em que acreditamos, arte feita de gente e pra gente.”, afirma o coordenador do projeto, Ridson Reis.
Para ele os espetáculos e as oficinas ganham um maior significado cultural, social e democrático, ao serem apresentados em diversos bairros da capital, além de oferecer a oportunidades de lazer, entretenimento e diálogo para toda a comunidade, seja de crianças, jovens, adultos e idosos. “Somos artistas oriundos de bairros periféricos, de grupos e ONG’s de teatro amador. Foi na periferia que aprendi a sonhar, que aprendi que sou cidadão, no sentido pleno da palavra, com deveres e com direitos também. E por isso me sinto na obrigação de fazer o mesmo pelos ‘meus’. De poder ofertar arte e formação de qualidade, para que eles possam ter mais referências e sejam sonhadores, porque é através dos sonhos que conseguimos nos manter firmes na realidade”, completa.
Após a realização das atividades, o grupo já tem previsão de uma montagem e uma temporada de doze apresentações de um espetáculo teatral, pensado para o Teatro Gregório de Mattos, prevista para o segundo semestre. Baseado no livro Monocontos – Histórias para Ler e Encenar do roteirista, diretor e dramaturgo Elísio Lopes Jr., a proposta é reunir quatro atrizes pretas. Com direção de Ridson Reis, as sessões contarão com tradução em libras, e ingressos destinados a estudantes de escolas públicas.Durante toda a temporada, as atividades do projeto Caravana do Meio Tempo serão totalmente gratuitas e contarão com tradução em libras.
O projeto Caravana do Meio Tempo tem a realização do Coletivo Meio Tempo e foi contemplado pelo edital Gregórios – Ano III, com recursos financeiros da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador e da Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura, Governo Federal.
Com texto do ator e escritor Lázaro Ramos, o espetáculo Boquinha… e assim surgiu o mundo promove reflexões e diversão, além de uma viagem pelo lúdico e ancestral. A montagem do primeiro espetáculo solo do ator e diretor Ridson Reis mostra o encontro do pequeno João Vicente, personagem central da trama, com as diversas perspectivas de surgimento do mundo. Numa viagem pelo seu quarto e pelas anotações do seu avô, João se depara com amigos mágicos que o ajudam a fazer o dever de casa e a pensar nas múltiplas possibilidades de respostas para a indagação.
No espetáculo O Contentor (O Conteiner), três homens africanos, de diferentes países, decidem imigrar ilegalmente para a Europa. Durante a viagem, feita no porão de um navio, compartilham suas histórias de vida e elaboram planos para um futuro próximo, mas, na chegada, são descobertos e aprisionados dentro de um contêiner (ou “contetor”, no português de Angola).
Foi escrito pelo dramaturgo angolano José Mena Abrantes, com montagem de Ridson Reis, e atuação de Anderson Danttas, Ricardo Andrade e Danilo Cerqueira. A montagem conta ainda com codireção de Roquildes Júnior, e produção de Inah Irenam.Já em Esqueça, o evento do Descobrimento do Brasil e o colonialismo serão abordados de maneira crítica e lúdica. Os atores se dividem em diversos personagens, refletindo e recontando a chegada dos portugueses em solo brasileiro sob outro ponto de vista.
As escolhas estéticas da direção, dramaturgia e visualidade privilegiam a dinâmica dos personagens. A montagem é de Ridson Reis e Roquildes Junior, direção de Luiz Antônio Sena Junior e dramaturgia assinada pelos dois atores e pelo pernambucano Giordano Castro.
Confira a programação da Caravana do Meio Tempo – No espaço Subúrbio 360, em Vista Alegre, serão realizadas oficinas de vídeo e de teatro de 22 de abril a 07 de maio, das 18h às 21h. Já as apresentações O Contentor – O Contêiner; Boquinha… e assim surgiu o mundo e Esqueça serão realizadas às terças-feiras dos dias 23 e 30 de abril e 7 de maio, respectivamente, às 10h e 15h. No Boca de Brasa de Cajazeiras as datas das oficinas de vídeo e de teatro seguem nos dias 06 a 21 de maio, das 13h30 às 16h30. As apresentações O Contentor – O Contêiner; Boquinha… e assim surgiu o mundo e Esqueça estão agendadas para às quintas-feiras dos dias 9, 16 e 23 de maio, na mesma sequência, às 9h e 14h. Já o Sesi Casa Branca do Caminho de Areia recebe as oficinas de vídeo e teatro nas quartas e quintas dos dias 5 a 20 de junho, das 18h às 21h. As apresentações “O Contentor – O Contêiner; Boquinha… e assim surgiu o mundo e Esqueça têm previsão de exibição nas manhãs e tardes das quintas-feiras dos dias 6, 13 e 20 de junho.
As inscrições para participar das oficinas estão abertas e podem ser realizadas através do Instagram do Coletivo: @coletivomeiotempo.
O Coletivo Meio Tempo surgiu em 2016 a partir do reencontro artístico de Ridson Reis e Roquildes Junior, multiartistas soteropolitanos, oriundos do subúrbio ferroviário. Eles haviam trabalhado juntos em 2006 na montagem do Sonho de uma noite de verão, do Bando de Teatro Olodum, e 10 anos depois eles se reencontram para a montagem do espetáculo O Contentor – O Contêiner, baseado na obra do angolano José Mena Abrantes. A peça rendeu a Ridson Reis a indicação do Prêmio Braskem de Teatro na categoria Revelação. Desde então, o coletivo montou três espetáculos, realizou projetos, eventos, participou de mostras.