2020, um ano sem início, sem meio e a espera do fim

Pessoas em vulnerabilidade social sofrem ainda mais com a pandemia - Foto: Mario Tama/Getty Images

Como descrever o ano de 2020? Esse será um dos maiores desafios para qualquer pessoa pois é um ano que praticamente não existiu e, antes de seu fim, ele já está terminando. A pandemia mundial do novo coronavírus, colocou os seres humanos em quarentena, paralisando o planeta. Deveríamos manter o distanciamento social e o isolamento, ficando cada um nas suas casas.

O mundo começava a viver algo inexplicável e sem precedentes. Em poucos meses, o vírus já matou milhões de pessoas e centenas de milhares estão infectadas e internadas em hospitais. O coronavírus se alastra em passos largos a cada dia, fazendo com que os cientistas trabalhem incessantemente em busca de uma vacina para conte-lo.

Sim, a pandemia colocou o mundo às avessas mas, mesmo assim, não conseguiu frear mazelas existentes no nosso dia a dia. Pelo contrário, o que ela fez foi expor ainda mais os horrores, mostrando todas as faces do ser humano, mesmo usando máscara de proteção. Nada mudou, como muitos pensavam que iria acontecer. Tudo continua igualzinho, no mesmo lugar de sempre, só que agora sem os tapetes e carpetes por cima de tanta sujeira, de tanta imundice.

Não, 2020 não é um ano perdido, mas sim, do atraso e do total retrocesso. Perdido mesmo estão os seres humanos, que em pleno século XXI ainda estão tendo atitudes de séculos anteriores. Todos os dias a história se repete, dando a impressão que aqueles personagens que estudamos, reencarnaram para continuarem suas sagas de maldades e perversidades. Recebemos enchurradas de notícias absurdas, impossíveis de digerir, pois, chega uma por cima da outra, causando uma “congestão cerebral”, nos impedindo até mesmo de parar para raciocinar por alguns segundos.

É inacreditável que a Igreja ainda interfira em assuntos de Estado. A religião pautando o modo de vida das pessoas, assim como era feito até o século XIX. Líderes religiosos e políticos defendendo de forma escrachada, a submissão, a violência contra mulheres e crianças. Praticando e apoiando o racismo e a homofobia, incitando o ódio em cultos e em vídeos divulgados nas redes sociais.

Falando em particular do Brasil durante esses meses de pandemia, creio que para a maioria dos cidadãos brasileiros, nem em seus piores pesadelos, nada do que estamos vivendo teria acontecido. Nunca poderíamos imaginar que um presidente ignoraria seu povo num dos momentos mais críticos da história. Que tivesse desprezo pelas milhares de vidas perdidas para o Covid-19. Que o sofrimento e dor das pessoas virassem disputas políticas. Tempos sombrios e assombrados é o que estamos vivendo neste país, onde cada minuto do dia parece ser uma eternidade.

Como falei no início do texto, 2020 será um ano difícil de descrever, mas podemos dizer que este foi um ano de muitas guerras e, a maioria delas, bem antigas. Talvez, a expressão “cansado(a) de guerra” nunca fizesse tanto sentido para nós. Estamos lutando em dobro contra o racismo, o machismo, a intolerância, a homofobia e o pior, contra o fascismo e o nazismo. E arranjando forças para lutar contra o coronavírus que, no momento, são os nossos maiores inimigos.

Nunca o fim de um ano foi tão desejado como este está sendo. Mesmo sem planos para 2021, todos querem o fim 2020. Querem apagá-lo da história, mesmo que isso seja impossível de ser feito. Mas as lições recebidas seriam apagadas também junto com todo o resto? Porém, uma coisa é certa, este foi o ano do aprendizado de como deveremos viver daqui pra frente. É como estão dizendo por aí, esse será o novo normal mas, infelizmente, mantendo o velho normal, pois a batalha contra as mazelas pré-existentes ainda estão muito longe do fim.

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Carla Regina
Sou estudante do último período da faculdade de Jornalismo, gosto muito de ler e de escrever. Me acho simpática, pelo menos é o que me dizem as pessoas quando me conhecem, mas creio que eu seja sim, pois adoro fazer novas amizades e conservar as antigas. Comunicativa, dinâmica e muito observadora, um tanto polêmica. Gosto muito de trabalhar em equipe, mas, dependendo da situação, a minha companhia para trabalhar também é ótima. Pois, na minha opinião, a solidão aguça a criatividade, fazendo com que a mente e os pensamentos fluam um pouco melhor. Comecei a trabalhar muito nova, ainda quando criança e já fiz muita coisa na vida, mas meu sonho sempre foi ser Jornalista e Historiadora, cheguei a ter muitas dúvidas de qual faculdade cursar primeiro, já que para mim as duas carreiras são maravilhosas. Então, resolvi entrar primeiro para o Jornalismo e no decorrer do curso percebi que cursar a faculdade de História não era só uma paixão, mas também uma necessidade para linha de jornalismo que que pretendo seguir. Como sou muito observadora e curiosa, as duas profissões têm muito a ver com minha pessoa. Amo escrever e de saber como tudo no mundo começou, até porque. tudo e todos tem um passado, tem uma história para ser contada.