VIDIGAL: vidas e memórias em movimento – PARTE II

Obras no alto Vidigal. Foto: Miriane Peregrino

Continuação da Parte I do mesmo artigo.

 

Por Miriane da Costa Peregrino

 

6. Vidigal: que conflitos é possível mediar?

Obras de moradores antigos que querem ampliar e melhorar suas casas para alugar ou obras de moradores novos para construção de hostel, restaurante, etc, marcam o percurso de subida do Vidigal com grande quantidade de cimentos e pedras nas ruas. A situação cresceu de tal maneira que a Associação de Moradores estabeleceu mecanismos para a negociação entre moradores. Rosa Batista, 57 anos, colaboradora da Associação de Moradores do Vidigal, fala sobre o trabalho de Mediação de Conflito que desenvolve na favela:

“Com a pacificação, os moradores passaram a ir na Associação de Moradores pra colocar os seus conflitos, principalmente, conflito em relação a obra de vizinhos. Hoje o Vidigal tá crescendo muito, todos estão fazendo obras, então, às vezes, um invade o espaço do outro”.

Obras no alto Vidigal
Obras no alto Vidigal. Foto: Miriane Peregrino

“O mercado tá dizendo que a casa vale mais, então, o morador aumenta mesmo. O que tem acontecido muito é que as pessoas começam a pagar esse aluguel alto por alguns meses e não aguentam mais” – observa Rosa Batista sobre a especulação imobiliária no Vidigal.

O moto taxista e morador da favela, Bianor, 43 anos, afirma: “As coisas aqui estão aumentando muito por causa dessa demanda. Aqui você compra um saco de cimento por 35 reais, em outro lugar é 25”.

Mery Ellen Alentejo, 31 anos, também sente as mudanças que transformam a vida econômica e cultural da favela do Vidigal: “A primeira alteração que percebo é a superlotação da comunidade gerando filas maiores no moto taxi, e outra mudança, que é mais drástica, acho que está diretamente associada ao turismo. É o aumento significativo de tudo na comunidade: o aluguel aumentou muito, o supermercado, os restaurantes, a cerveja, as festas são cada dia mais caras e percebo que muitas casas estão virando bares, hostels e restaurantes, o que me parece que a comunidade está cada dia mais se adaptando ao turismo e deixando, aos poucos, de ter o perfil que tinha quando eu vim morar aqui”.
Nascida em São Gonçalo e moradora do Vidigal há 3 anos, Mery Ellen conta como foi morar ali: “Vim morar aqui porque estava sem casa e o local mais acessível, na cidade do Rio de Janeiro, a minha renda era o Vidigal e ainda me identifiquei com o local, por se parecer mais com o bairro onde eu nasci e cresci, por ter as ruas sempre cheias de crianças brincando e moradores conversando” – e continua – “Eu frequento o Vidigal antes de vir morar aqui e, sem dúvidas, o perfil do morador está mudando muito. Com a chegada da UPP, muitos moradores que não tinham casa própria tiveram que se mudar por conta do aumento dos preços, inclusive amigos meus que nasceram aqui”.

Segundo a moradora Mery Ellen, o fluxo de pessoas de fora na favela tem vários aspectos: “Aspecto positivo é o intercâmbio entre as pessoas, a troca de conhecimento e de experiências, e aspecto negativo é o aumento dos preços, em geral, e a mudança do local, que era mais de habitação (como eu disse, com crianças na rua brincando e moradores conversando na calçada) e aos poucos está se transformando e se adaptando a um local mais comercial e turístico, cada dia que passa tem mais novas construções de casas, prédios, novos bares, etc”.

Já Elma de Alleluia, da ONG Ser Alzira, conta que desde a fundação da instituição em 2003 trabalham com voluntários estrangeiros: “Não temos ajuda do governo porque trabalhamos com educação e educação não interessa. Temos voluntários estrangeiros. Temos parceria com universidades estrangeiras que enviam estudantes para cá”. Assim, para Elma, a troca de experiência entre brasileiros e estrangeiros é um aspecto positivo no Vidigal: “Nós vemos o gringo como uma ferramenta que nos ajuda a transformar e muitos dão aula de violão, informática e idiomas na Ser Alzira”.

No meio dessas obras e novos empreendimentos, a moradora Rosa Batista observa as mudanças e afirma que esses novos moradores proprietários tem poder aquisitivo maior do que os antigos: “Fui na inauguração do restaurante de um português e uma italiana. Como eles vem com poder aquisitivo, eles fazem uma coisa mega, completamente diferente da Sol, ali, que é moradora, que não tem dinheiro pra investir, que não cobra assim tão caro… Ai, tá tendo esse contraste, né? Tão vindo pra atender que público? Querem atender o publico da favela, mas, basicamente, quem vai é o público do asfalto. Eu cheguei lá e vi um monte de gente que não era morador. Vou usar o termo pejorativo “do asfalto” porque tinha essa separação. Então, aquilo me tocou. A primeira frase que me veio foi ‘O asfalto subiu o morro’. Ao mesmo tempo, essa era uma barreira que todo mundo queria que fosse rompida. Isso tem um lado positivo, mas pra quem é morador, o que pode vir junto?”

A preocupação de Rosa Batista é ainda ampliada quando a moradora lembra a situação de trabalhos sociais realizados há anos no Vidigal após a entrada da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP): “Uma Ong, que tinha sede num prédio abandonado da prefeitura, teve que sair. Outras Ongs vieram, estão tentando se manter. As Ongs que tinham aqui eram de pessoas daqui mesmo, moradores daqui, agora estão vindo outras que são de fora, que querem fazer trabalho social e estão aproveitando esse momento midiático para entrar no Vidigal. Eles não conhecem o Vidigal, estão vindo de fora. Estão vindo de fora e já tem recurso, e os que já estavam aqui há milênios estão com uma dificuldade enorme pra manter seu trabalho. As colaborações das pessoas que vem de outros de lugares são bem-vindas. Que as pessoas venham, mas que venham pra somar e não pra subtrair. E não venham com papo colonizador de explorar”.

 

7. Vidigal no Mapa: visibilidade, registro cotidiano e memórias

Ao contrário de favelas como Santa Marta, Rocinha e Cantagalo, Pavão-Pavãozinho (todas da Zona Sul do Rio de Janeiro), o Vidigal não possui uma iniciativa de museu comunitário, mas possui algumas iniciativas para a preservação da memória local. Dentre os registros da memória, temos a narrativa autobiográfica do morador e ex-presidente da Associação de Moradores, Armando Almeida Lima, 72 anos, no livro Resistências e conquistas do Vidigal publicado em 2010 pela Editora Nelpa, onde ele destaca a atuação da Associação dos Moradores na luta contra as remoções e melhorias da favela, a perseguição sofrida pelas lideranças comunitárias durante a Ditadura Civil-Militar de 1964 e a visita do Papa João Paulo II à favela do Vidigal, em 1980.

No próprio livro, Armando revela sua preocupação em preservar a memória da favela e as motivações que o levaram a escrever: “Muitas pessoas, às vezes, querem saber alguma coisa sobre o Vidigal e ‘consultam’ os moradores mais antigos. Só que esses antigos já estão passando para o andar de cima e, em breve, não teremos mais história. Como morador antigo do Vidigal, sou conhecedor de muitos fatos aqui ocorridos, tais como resistência contra remoção, a visita do Papa, e etc. Morando aqui desde 59, já passei por muitos episódios” – conta Armando em seu livro e, pensando nos camaradas (Duque, Mário e Carlinhos Pernambuco) que dividiram com ele a direção da Associação dos Moradores, acrescenta – “E é bom lembrar que, um dos motivos dessa história que eu escrevo, é porque o Carlinhos Pernambuco não está mais entre nós, é falecido; o Duque não mora mais aqui, mudou-se para a Barra e o Mário também, mudou-se lá para Zona Norte e, desses quatro, só eu permaneci aqui no Vidigal que, com a preocupação de a história morrer, mais tarde também passo para o outro lado e o Vidigal fica sem esse relato”. (LIMA, 2010, p. 7; 16).

Recentemente, a Ong Ser Alzira em parceria com a Unirio – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, iniciou o trabalho de levantamento de informações e documentos sobre o Vidigal: “Já há algum tempo percebemos que não temos quase nada registrado de memória. Vamos transformar uma parte da casa Ser Alzira em centro de memória. Estamos fazendo também um centro de pesquisa com informações sobre o Vidigal. Está em construção, tudo está sendo desenvolvido. Estamos também precisando de uma bibliotecária para que as crianças aprendam a manusear os livros”. – conta Elma de Alleluia.

Na verdade, a primeira memória preservada no espaço da ONG Ser Alzira é da moradora Alzira de Aleluia (1905-2001), que nasceu em Ubá, no interior de Minas Gerais, e migrou para o Rio de Janeiro onde trabalhava como lavadeira (uma história que tem seus pontos em comum com a memória de Orosina Vieira, antiga moradora do Morro do Timbau, na Maré, e que vem reforçar, assim, a memória de muitas mulheres negras e moradoras de favelas no Rio de Janeiro).

Segundo Elma, Alzira de Aleluia acompanhou o processo de reforma de sua casa para a criação da ONG: “A construção ela chegou ver, e nós falamos para ela que iríamos homenageá-la. Dentro das comunidades não existem pessoas que se lembrem do outro para homenageá-lo, não tem essa cultura. E nos homenageamos dona Alzira porque ela foi uma pessoa reconhecida dentro da comunidade como lavadeira, como formadora dos filhos. Ela ajudava os vizinhos, fazia casacos. Ela fazia um trabalho social só que dá forma dela. O saber do viver, às vezes, é mais importante do que o saber acadêmico porque aproxima as pessoas. Ela dava pão, dava casaco, as crianças sempre estavam por sua casa. Ela incentivava muito as crianças a estudar. Os dois netos dela se formaram: a neta hoje é dentista e o neto, professor universitário. Alguns moradores me chamam de Alzira, acham que ela ainda está viva, eu me sinto muito honrada. Depois esclareço que sou a Elma”.

Se algumas iniciativas estão voltadas para reconstruir e preservar a memória do Vidigal antigo, ameaçada pelas rápidas e profundas alterações do cotidiano da favela, o mapa Vidigal 100 segredos elaborado pelo alemão e morador do Vidigal, André Koller, 41 anos,  e que está em sua 3ª edição, faz uma espécie de registro do presente:

“O mapa também é um registro, você pega o primeiro, segundo e terceiro mapa e vê como as coisas mudam, como tem cada vez mais comércio, como fica mais denso. No primeiro mapa tinha uns 2 hostels, nesse último mapa tem mais de 20. Então, você vê como a coisa tá mudando. O que esta abrindo, o que esta fechando. Antes tinha mais salão de beleza porque tinha baile funk, hoje em dia não tem mais tanto salão porque não tem mais baile. O mapa mostra o tipo de atividade que está sendo desenvolvida no morro. Daqui dez, 20 anos você pode pegar o mapa e ver como era o Vidigal em 2014. Cria um registro disso. Ano que vem vou ter que colocar a ciclovia que estão construindo” – observa André Koller.

Mas a ideia de fazer um mapa do Vidigal não partiu do desejo de registrar as alterações do cotidiano da favela. André, que se mudou para o Vidigal pouco antes da entrada da UPP (ver a Parte I da matéria), tinha dificuldade em explicar aos amigos como chegar na sua casa: “Tinha esse problema de não poder explicar pra ninguém como chegar na minha casa porque não tinha nem no mapa da cidade a minha rua. Não tinha nem a comunidade, era um nada, era mato. Ai, sempre que alguém vinha me visitar eu tinha que ir lá embaixo da comunidade buscar na entrada do Vidigal pra guiar, buscar… ai eu fiz um mapa à mão de como chegar na minha casa e comecei a pensar sobre o assunto e vi que dava pra desenvolver uma coisa bacana. Mas eu não podia fazer esse trabalho porque  eu não me sentia seguro pra me enfiar em todos os becos que tem no morro, tinha áreas um pouco mais sinistras, vamos dizer assim, eu não sabia se eles iam gostar de ter alguém andando na rua com prancheta e caneta desenhando a rua e perguntando coisas”.

Segundo Koller, foi só depois da pacificação andar por toda a favela e desenvolver o projeto do mapa, no entanto, suas andanças causaram estranhamento e desconfiança por parte dos moradores antigos: “Quando andei, andei a pé mesmo, e como foi logo após a pacificação, muita gente achou que eu era da prefeitura, muita gente tava com medo achando que seriam mapeados para serem removidos. Ai, eu falei: ‘Não, não tem nada haver com a prefeitura, não é do governo. É um projeto pessoal’”.

Outro aspecto curioso do mapa é que na 1ª edição vinha o preço de 3 reais; na segunda, 2 reais e na terceira, o mapa é grátis num ritmo que vai contra a lógica do mercado. Segundo Koller, ele nunca quis cobrar pelo mapa e a ideia inicial de vender era arrecadar um dinheiro para apoiar as ações do Parque Sitie, no alto do Vidigal e que não tinha verba: “Eu nunca quis cobrar. O Sitiê tinha problema pra conseguir alguma verba. Eu era voluntário do parque e eles mal tinham dinheiro pra colocar um café, mas tinha muito turista visitando. Eles não chegam pras pessoas e pedem um real, eles não fazem isso. Eu propus que vendessem o mapa, mas eles não são vendedores, não ficam vendendo”.

Se por um lado, colocar o Vidigal no mapa significa reconhecer o espaço e aqueles que o habitam como partes da cidade, por outro, deixa esse mesmo espaço sem segredos, como o próprio trocadilho do Vidigal 100 segredos aponta: “Eu não sabia, no inicio, se os moradores iam se sentir muito expostos porque, tudo bem, é uma vantagem fazer parte do mapa da cidade, da grande comunidade do Rio de Janeiro, por outro lado, também eles podiam ficar mais esquecidos, menos acessíveis… Eu não sabia como a população ia reagir, mas, em geral, curtiram bastante o projeto”.

Para viabilizar a impressão do mapa Vidigal 100 segredos, André Koller conseguiu o apoio de comerciantes locais e o verso do mapa traz, assim, a propaganda desses estabelecimentos: “Eu já me perguntei se como é efetivo esse anuncio: ‘você acha que vai ter mais cliente tendo anuncio no mapa?’, perguntei pra eles. Muita gente não entende o que é um anuncio, uma divulgação. ‘Eu não preciso do mapa, eu já conheço a comunidade’, uns me responderam. Eu me toquei que algumas pessoas queriam colocar anuncio para fazer parte, para constar no mapa. Eles não estavam pensando em ter mais clientes, ganhar mais dinheiro. Eles pensaram: ‘eu quero estar no mapa porque faço parte do Vidigal, eu quero estar registrado’. O sr. Jesus, do Bar do Jesus morreu e era uma pessoa muito querida no morro e me pediram pra colocar a foto dele aqui para registrar. Eles acham mais interessantes ver as personagens do que ver as logomarcas . Meu sonho é fazer o mapa com fotos dos moradores. Quero fazer uma reedição do mapa mais relacionada à memória, fazer uma referência aos moradores como o Armando Lima que foi presidente da associação no tempo das remoções. Queria uma edição que retratasse essas pessoas, os trabalhos culturais daqui”.

 

8. E o Futuro no Vidigal?

Placa na Praça do Vidigal
Placa na Praça do Vidigal. Foto: Miriane Peregrino

Fala de moradores:

ROSA BATISTA

“A mudança está sendo muito rápida. As pessoas são bem vindas, mas o que a gente espera é que os moradores antigos que tem história aqui, nasceram e cresceram aqui, possam permanecer. Esse é o nosso grande desejo e nossa grande duvida. É uma novidade, é uma discussão que a gente não sabe pra onde vai, a gente não tem ideia do que vai acontecer. Teme-se que isso aqui se transforme num bairro elitista… o que sempre foi o grande sonho de uma parte elitista da população que sempre questionou ‘como aquele bando de favelados pode estar naquele lugar maravilhoso com aquela vista?’”.

 

RODRIGO FERREIRA

“Eu temo porque tudo é muito relativo, eu não sei até quando essas coisas vão continuar acontecendo. Eu vejo isso como abuso de poder, não sei até quando as pessoas vão ficar aguentando isso”.

 

LUÍS OTÁVIO

“No começo da UPP tinha tudo. Tinha cavalaria passeando com as crianças. Tinha assistente social. Fachada, tudo fachada. Eu acho que a ideia da UPP foi muito boa, só que o andamento dela é falho. A polícia virou o bandido do morro, então, a população tem que rezar pra dois santos. Agora quem manda no morro é a UPP. Qualquer comunidade que tenha a UPP sabe que quem manda é o oficial chefe. Não tem ação social, não tem apoio do governo, não tem saúde. O posto de saúde só piorou, antes era melhor.

Eu acho que a UPP deveria ser uma coisa social, sem armas”.

 

RAFF GIGLIO

“O que piorou um pouco é que a gente não sabe mais quem é quem, é a questão da segurança. Claro, não existe mais aquele desfile de armas que a gente estava acostumado a conviver. Por outro lado, também, assim como a polícia não dá garantia de segurança ali no Leblon, Ipanema, Copacabana, Jardim Botânico, Gávea, ninguém tem garantia de segurança no Vidigal. Quando tinha o tráfico… escancarado, vamos dizer assim, não tinha assalto no morro. Todas as favelas e morros do Rio de Janeiro que tem UPP, todas tem tráfico de drogas. Inclusive, os bairros do asfalto também tem. Se na Vieira Souto tem tráfico porque não vai ter no Vidigal?”

 

HIRAN LIMA

“Eu fico meio temeroso [pelo futuro do Vidigal] porque quando as pessoas antigas começam a sair, cada vez mais o Vidigal tem menos memória. O morador que tá aqui hoje não respeita o morador antigo. Principalmente, porque alguns vem pra nem criar raiz, né? Então, ele não tá nem ai. Se você lutou durante anos para conscientizar o morador de que o lixo dele é na lixeira o que taí passando um tempo não tá nem ai, ele joga em qualquer lugar. Ele vem impondo um comportamento que não é o nosso”.

 

ANDRÉ KOLLER

“Eu sou trabalhador. Vou todo dia de manhã para o trabalho, pago meus impostos, ganho em real pago em real. Eu me considero morador mesmo não tendo nascido e sido criado aqui, mas me identifico, me considero morador. Estou aqui pra somar, pra fazer alguma coisa positiva, não pra explorar, pra comprar… Eu não quis comprar essa casa. Eu não quero ser dono de nada. Um dia vou voltar pra Alemanha, passar minha velhice”.

BIANOR

“_Expectativa? Eu acho que daqui há alguns dias estão expulsando os moradores aqui do Vidigal. A gente não vai ter mais como morar aqui. Tudo vai aumentar, as coisas vão aumentar. Por exemplo, a luz a gente ainda paga barato mas daqui há pouco vai ter um preço absurdo. A gente não paga IPTU ainda, mas vai começar a pagar. Acho que muito morador não vai ter mais condição e os gringos vão tomar conta. É isso que eu to achando.

_Quantos anos você tem, Bianor?

_ 43 anos e 43 anos de Vidigal.

_Você gosta daqui?

_ Amo isso aqui…”

 

A PARTE I do mesmo artigo está disponível em: http://www.anf.org.br/vidigal-vidas-e-memorias-em-movimento-parte-i