Redes sociais digitais: reflexões e ponderações

Ao refletir sobre redes é preciso ressaltar que os estudos sobre redes complexas ganharam destaque no século XX, nos dias atuais o debate sobre redes sociais vem sendo atualizado devido, principalmente, ao boom das redes sociais digitais, também conhecidas como: redes sociais de internet, redes sociotécnicas e redes virtuais.

As leituras em Portugal (2007) demonstram que nas ciências sociais, mais especificamente na sociologia, o conceito de rede social vem sendo trabalhado, há algum tempo, servindo para tentar compreender a estrutura social e levantar questões categóricas sobre a interação social. Atualmente, os analistas de estrutura social têm condensado energias para entender a dinâmica que o uso das ferramentas da web tem no processo de interação social e quais seus impactos nos modos de vida.
O conceito de redes também passa pelos desafios de ser (re) significado num contexto atual. Para Portugal (2007), não há um novo paradigma na teoria das redes, não tem por que as novas concepções de redes achatarem as anteriores, além do que a sociologia contemporânea é “partilhada por perspectivas diferenciadas”.

Castells (2005) nos remete a pensar a importância de compreender a transformação social numa sociedade em rede. Para ele, não há como negar que um novo paradigma surge com as tecnologias de informação e comunicação, reconhecendo que a mesma não se disseminou de forma linear pelo mundo. Isso teve e terá afetações diferenciadas na utilização social das mesmas.

Um dos focos dos estudos de redes é pensar um mundo interconectado, a estrutura de uma rede deve ter conectividade. Os elementos das redes estão em constante ação, mudam, são atravessados por multiplicidades. Estes “nós” podem desenlaçar e ter novos enlaçamentos em outros pontos, o que torna as redes sociais na contemporaneidade mais complexas, por serem rizomáticas.

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Para Lévy (2010), a cognição é efeito de redes complexas onde um grande quantitativo de atores interage. Se este “eu” estiver fora da coletividade, carente de tecnologias intelectuais, seu pensamento será restrito.

“Não sou “eu” que sou inteligente, mas “eu” com o grupo humano do qual sou membro, com minha língua, com toda uma herança de métodos e tecnologias intelectuais” (p. 137). Se recorrermos ao pensamento de Deleuze e Guattari, este “eu” é produto da produção de subjetividade, que age num coletivo. Atravessado por uma multiplicidade de outros, do fora.

Castells (2005) define rede como forma de organização social instrumentada por tecnologias. As redes, atualmente, tendem a ser mais flexíveis e adaptáveis, porque são capazes de descentralizar-se.
Para o autor, a sociedade em rede também contribui para mudanças na sociabilidade dos sujeitos. Segundo ele, as redes não fazem desaparecer a relação “face a face”, o isolamento aparente das pessoas na comunicação através de computadores e as “novas” formas de comunicação sem fio (Wi-Fi, Wireless, Bluetooth dentre outros), ao contrário, tende a aumentar a sociabilidade. Passamos de um puro questionamento sobre as ferramentas usadas para a comunicação, para pensar como elas produzem subjetividade.

Baumann (2012) lembra que outrora havia relações humanas, uma ideia de comunidade, de grupos com laços fortes e que hoje a ideia de redes sociais na Internet promove a conexão e a desconexão. A promoção de laços sociais fracos, segundo o autor, ocorre devido à possibilidade de ampliar as conexões em um click e de rompê-las também com um click, basta deletar (apagar) que o laço é desfeito.
Para Lévy (2010), a cognição é efeito de redes complexas onde um grande quantitativo de atores interage. Se este “eu” estiver fora da coletividade, carente de tecnologias intelectuais, seu pensamento será restrito.

jovens
Foto: divulgação

As crianças e os adolescentes conseguem apropriar-se dessas tecnologias informáticas com facilidade pelo fato de não sofrerem da nostalgia de rever e manipular velhos instrumentos. Navegam no campo das novidades sem medo dos riscos. Com isso expandem suas redes de sociabilidade, fazem um trabalho colaborativo e calcam experimentos admiráveis com quebras de códigos etc. Cabe citar o exemplo mencionado por Lèvy (2010, p. 43) em que Steve Jobs e Steve Wozniak, quando jovens usufruindo do mundo Hi-tech fizeram o blue box (chamada telefônica sem custo).

Muitas ideias brotam do campo prático com os experimentos e com o compartilhamento das informações. Nem sempre essas potências são direcionadas ao coletivo e isso se dá pela falta de incentivo a curiosidade, falta de comprometimento político e social que vise uma educação democrática, que respeite a bagagem cultural do alunado e que faça pensar sobre erros e acertos ao invés de investir nunca educação classificatória. A escola tem oferecido à possibilidade de navegação no oceano de informações?

A cultura digital tem se expandido. O estar conectado não se resume estar na frente de um computador pessoal ou ter acesso a internet de qualidade, a experiência dos dispositivos móveis e toda a rede informática que entrelaça as informações da humanidade nos coloca numa esfera de rede universal de conhecimentos plenamente ativa.

Referências Bibliográficas:

BAUMAN, Zygmunt. Entrevista disponível no endereço eletrônico http://youtu.be/LcHTeDNLArU. Disponível: 10 de fev.2012. Acesso: 10 de nov. de 2013.
CASTELLS, Manuel; A sociedade em Rede: do conhecimento à ação política. In: CASTELLS, Manuel; CARDOSO, Gustavo (Orgs). A sociedade em Rede: do conhecimento á ação política. Centro Cultural Belém, Ed. Impressa Nacional – Casa da Moeda, 2005.
As crianças e os adolescentes conseguem apropriar-se dessas tecnologias informáticas com facilidade pelo fato de não sofrerem da nostalgia de rever e manipular velhos instrumentos. Navegam no campo das novidades sem medo dos riscos. Com isso expandem suas redes de sociabilidade, fazem um trabalho colaborativo e calcam experimentos admiráveis com quebras de códigos etc. Cabe citar o exemplo mencionado por Lèvy (2010, p. 43) em que Steve Jobs e
LÉVY, Pierre. As Tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Tradução Carlos I. da Costa. 2ª edição. Rio de Janeiro: Ed. 34, 2010.
PORTUGAL, Sílvia. Contributos para a discussão do conceito de redes na teoria sociológica. Oficina do CES, nº 271, março/2007.