Redes sociais como ferramenta de comunicação comunitária nas favelas

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Segundo relatório do Reuters Institute, hoje, 66% dos brasileiros se informa do que acontece no país e no mundo por meio das redes sociais. A realidade das favelas não é diferente e traz um fenômeno interessante: páginas e grupos do WhatsApp são hoje a principal ferramenta de comunicação nesses espaços. Um exemplo é o caso de dois moradores da Vila Cruzeiro, que municiam a população local com informações através das redes sociais.

Ilídio Viscelau, 22, e Arthur Lucena, 30, sabem muito bem como funciona a rotina de um trabalhador carioca. A necessidade de rapidez no alerta para os perigos da pista e na divulgação de notícias locais os tornou comunicadores populares. Eles são hoje administradores de páginas no Facebook e de grupos de WhatsApp que atualizam toda a comunidade das últimas notícias da região.

Arthur é ator de teatro e administrador de outra página, chamada Valores da Penha. Ilídio é funcionário público e administrador de grupos no Whatsapp. Hoje, as notícias correm na favela com a ajuda de moradores, comerciantes, professores e do coletivo Vila Cruzeiro-RJ, uma espécie de associação de moradores. “Informamos sobre locais com confrontos, oportunidades de cursos e empregos, eventos festivos”, explica Arthur.

Profissionais de diversas áreas alimentam os grupos: são jornalistas, médicos, assistentes e policiais militares. “O Whatsapp e a fanpage são importantes, principalmente quando ocorrem conflitos por aqui”, afirma Ilídio, que se sente orgulhoso por já ser fonte de notícia até para grandes jornais impressos. Mas, como bem sabemos, nem só de desgraça vive a favela, e o conteúdo que valoriza a raiz local também é potencial candidato a viral: “Já repassei o link de um belíssimo vídeo da noite na favela, e o alcance ampliou em poucos minutos”, comenta Arthur.

Essa pode ser mais uma das saídas para a pluralidade de informação, de dentro para fora.

Publicado na edição de janeiro de 2018 no jornal A Voz da Favela.