Pelo direito da cultura de rua

Foto Espaço Cultural Viaduto de Realengo

Como se não bastasse os 200 mil servidores do Estado do Rio de Janeiro que estão sem receber os salários regularmente, a escalada da violência e o alto número de policiais militares e de inocentes mortos, o sucateamento do serviço público, principalmente, nos setores de saúde e educação, o aumento da população de rua, a sensação permanente de insegurança e de tantas mazelas na nossa vida diária, parece que a Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro resolveu mudar de vez o estilo de vida do carioca. Depois de anunciar que ia retirar metade do patrocínio das escolas de samba do grupo especial para “ajudar as criancinhas”, agora o prefeito baixa uma nova portaria através da qual o seu gabinete é que dará a última palavra sobre a autorização para eventos de rua. Ou seja, mais um retrocesso dessa onda conservadora que assola o país.

Ainda no início da gestão, a Prefeitura do Rio de Janeiro proibiu as oferendas para Iemanjá em praias da Zona Sul, quebrando uma tradição religiosa e cultural da cidade. No carnaval, o mandatário se recusou a passar as chaves da cidade para o Rei Momo, quebrando outra grande tradição. Ainda publicou uma foto em um rede social com a legenda “A gente não sabe sambar, mas a gente sabe trabalhar” – como se foliões fossem um monte de vagabundos. Podemos ter a certeza que a Prefeitura vai endurecer as regras também para o carnaval de rua. É esperar para ver no que vai dar. Ou não. Mas acho que devemos todos nos mobilizar para não permitir mais esse retrocesso.

Nosso prefeito já demonstrou o total desprezo à diversidade cultural e religiosa. Não podemos admitir que alterem e subvertam uma de nossas principais vocações, que é a nossa veia festiva e  nossa capacidade de nos reinventar com as festividades. A Prefeitura impõe agra uma agenda que agrada a um público conservador e que não aceita o diferente e o novo.

Espero estar enganado, mas, acredito que a intenção desse governo é fazer a cidade de cobaia para atender a um projeto maior que é um Governo Federal cristão, onde implantarão uma agenda religiosa para governar o país com a aquiescência de um eleitorado mais afinado com suas ideias conservadoras.

É bom ficarmos atentos.