Pega a visão da cria do Turano

Créditos - Arquivo pessoal / Carla Regina

Eu poderia iniciar esse texto como é de praxe, me apresentando, falando um pouco sobre mim, quem sou, quais são minhas pretensões e objetivos, etc. Mas, pensei melhor e como adoro inovações, e estou escrevendo para um veículo voltado para moradores de favelas e pessoas que apoiam e contribuem com nossa causa, vou começar apresentando minha “Comunidade”, o Morro do Turano, local onde nasci, fui criada e ainda vivo.

Começarei falando sobre a formação desse Complexo que é muito amplo, e que nos últimos anos, como a maioria das favelas, ganhou fama na mídia de ser muito violenta e muito perigosa. Com essa afirmação um tanto distorcida,  muitos daqueles que moram na “rua ou na pista”, como costumamos falar, tenham um enorme preconceito com os moradores que vivem nessas regiões. Mas, somente nós moradores sabemos qual a verdadeira realidade que há no interior de nossas “Comunidades” e portanto, como “crias” podemos falar com exatidão o que acontece ou não lá em cima, no alto dos morros ou nas vielas das favelas planas. E desta forma, quero mostrar com essa apresentação, que o Morro do Turano é um lugar maravilhoso e me dá muito orgulho dizer que sou de lá.

Há duas versões para a formação da “Comunidade”, que hoje, também se compreende pela sua dimensão, como Complexo do Turano. Mas, como toda favela, sua formação foi a base de muitas batalhas e luta pelo direito básico à moradia.

1ª versão

Como a maioria dos morros localizados no bairro da Tijuca, Zona Norte do Rio, o Morro do Turano também fazia parte das antigas fazendas de café, e seu nome foi dado em homenagem ao antigo proprietário que se chamava Emílio Turano, que no ano de 1928 emigrou da Itália para o Brasil e aqui chegando, comprou de uma baronesa, as terras onde se localiza o morro. O proprietário chegou a iniciar a exploração de uma pedreira e construção do casario em sua base, mas, com o início da 2ª Guerra Mundial, houve uma manifestação política para retirada de posse da família por serem de origem italiana. A família tentou recuperar as terras, mas no local já havia se formado uma favela, não sendo mais possível urbanizá-la, mesmo que tentassem retomar o local para loteamento próprio. [ Fonte: Wikipédia ]

2ª versão

Se dizendo dono das terras, Emilio Turano começou em meados dos anos 1930, a ocupação da região onde se compreende hoje Complexo do Turano, formado por um conjunto de favelas. Emilio cobrava uma taxa aos novos moradores que chegavam à região, para ocupar o local. As taxas eram consideradas abusivas pelos moradores e na tentativa de não mais pagá-la, foram ocupando uma nova área que corresponde hoje ao morro da Liberdade, e para comprovar a ilegalidade da propriedade por Turano, iniciaram uma luta. Na época, os moradores tinham apoio político e jurídico e conseguiram então a vitória no caso e batizaram o morro como Liberdade. Com o crescimento da ocupação da região nos anos seguintes, outras comunidades do Complexo foram surgindo , como por exemplo, o Rodo, a Matinha e o Bispo.

Hoje, o conjunto de favelas é conhecido como Complexo do Turano e atualmente é formado por sete áreas, sendo duas delas localizadas no bairro da Tijuca, como o Morro da Liberdade e o Morro da Chacrinha, e no bairro do Rio Comprido, localizam-se Matinha, Pantanal, Rodo, Bispo e o Sumaré. O Censo Demográfico 2010, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), diz, que a população total do Morro do Turano é de 10.569 pessoas. Mas, até abril de 2013, o Centro Municipal de Saúde Turano informa que havia sido mapeado pelo Programa Saúde da Família, do Ministério da Saúde, 13.200 moradores no local. [ Fonte: Revista Ponto Urbe ]

Como foi relatado nas duas versões, o Morro do Turano se expandiu e hoje é uma das maiores favelas da Zona Norte do Município do Rio. E além das áreas que surgiram na época de sua formação, dentro delas foram surgindo outras, como se fossem sub bairros. Uma de suas ruas principais é a Joaquim Pizarro, que ao longo de minha vida no morro, vi várias modificações acontecerem com a chegada do “progresso”.

Anteriormente eu disse que outras áreas foram surgindo dentro das já existentes, então, aqui vou apresentar algumas, pois são muitas e acabaria não me lembrando de todas. Começarei o rolé na favela pelo alto do morro, onde sua formação começou.

Na parte alta do Morro do Turano temos o Pedacinho do Céu, que fica bem lá no alto mesmo e podemos ter uma vista deslumbrante do bairro da Tijuca e boa parte da cidade. Um pouco mais abaixo, temos o Tanque, onde no passado as mulheres lavavam suas roupas e de seus patrões nos tanques coletivos que havia no local, segundo relatos de moradores mais antigos. Bem ali ao lado do Tanque, temos a Divisa, um caminho por dentro da mata que separam o Morro do Turano e o Morro do Salgueiro, com uma vista encantadora da Tijuca, adjacências e até de parte dos municípios de Duque de Caxias e Niterói, sem esquecer é claro, da visão linda que temos do Maracanã, relíquia carioca.

Ainda continuando o rolé lá em cima,  descendo mais um pouco temos a Raia, cujo a versão contada por alguns antigos moradores, esse nome foi dado, devido à época de formação da favela, o local fazia parte da fazenda de Turano e o primeiro nome dado para essa área foi de Fazendinha. E por causa do grande arraiá que os moradores faziam nos períodos de festa junina, acabou virando Arraiá e como de costume carioca, abreviado para Raia. E nesse local a sub divisões, como a Fazendinha, o Miolo, Entradinha da Chacrinha, Caminho da Caixa D’Água, e a famosa Quadra da Vista Alegre ou Quadra da Raia, como muitos preferem chamar. Espaço onde a criançada se reúne para jogar uma bolinha, os adolescentes e os mais velhos também jogam suas peladas. Nas noites de fins de semana, rola o famoso baile de swing, o conhecidíssimo na Comunidade Swing da Raia, que a galera parte para curtir e dançar ao som de Bebeto, Jorge Benjor, Banda Copa Sete, Elson do Forrogode, etc.  

E vamos descer mais uma pouco, mas continuando ainda na Raia, pois mais abaixo temos o local chamado de Televisão, que tem esse nome por ter uma visão bem ampla da Matinha e de outras partes favela que ficam no Rio Comprido. Mais uma descidinha e chegamos no Piauí, local onde funcionava a vendinha de antigo morador, infelizmente já falecido, cujo, assim era chamado pelos vizinhos por ter vindo desse estado nordestino. O mesmo, além da vendinha, também alugava quitinetes para quem precisasse de moradia, e quem ia morar lá dizia que morava no Piauí, e por conta disso, o local acabou sendo batizado com esse nome.

Que rolezão, né? E nem andei pelo alto do Morro todo, pois essa favela como eu disse no início, é muito grande, uma das maiores da Zona Norte e estou passeando por uma das partes que fica na Tijuca. Mas vamos continuar descendo, porque estou chegando na Igrejinha, local que ainda é chamado assim pelo antigos moradores, pois ali funciona até hoje uma Igreja Evangélica bem antiga. Alguns moradores mais jovens chamam de Jamaica, Escadaria, ou Forninho, nome dado ao pequeno espaço que há nessa área próximo a igreja e onde as pessoas fazem comemorações de aniversários e festas em geral. Abaixo temos o Beco da Macua, ou simplesmente Macua. Local que durante algum tempo foi considerado uma das partes mais agitadas do Morro, devido os moradores serem pessoas bem decididos, digamos assim, e quando há qualquer injustiça por parte da PM, eles se unem e fazem bastante barulho, mobilizando até mesmo moradores de outras áreas mais próximas.  

Logo no início da Macua, bem na entrada, funciona a Creche Chapeuzinho Marrom, uma das primeiras a serem inauguradas nesta área do morro, entre o final da década de 1980 e o início da década de 1990. Ao lado da entrada do beco funciona uma pequena Igreja Católica, que chamamos de Capelinha, fundada pelo Frei Cassiano e pelos Frades Capuchinhos da Paróquia de São Sebastião, localizada na rua Haddock Lobo, na Tijuca. Aos domingos e em datas festivas da Igreja Católica, os padres sobem o morro para celebrarem as missas. Saímos da Macua e chegamos a Escolinha, nome dado devido a funcionar ali a Escola Municipal Frei Cassiano, que os antigos contam que o próprio Frei ajudou a construir e a inaugurou no início da década de 1970, assim como fez também o Posto Policial da Polícia Militar, que foi desativado por um tempo para instalação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), no período do governo de Sérgio Cabral e depois voltando a funcionar ali próximo. Ao lado tem um caminho que vai dá para Matinha, chamado Beco do Posto, fazendo também parte da Escolinha.

Nos fundos da escola forma um caminho como se fosse um corredor, onde funciona um comércio com algumas tendinhas, lojinhas, barraquinhas e um hortifruti. Algumas dessas tendinhas que funcionam por ali são bem antigas, como a Tendinha do Manel do Cardoso, bar que pertencia a um senhor português, chamado Manoel Cardoso e com seu falecimento, acabou passando para o filho. O mesmo, assim como o Piauí, alugava quitinetes em beco próximo ao bar e com isso, o local acabou sendo batizado com seu sobrenome, o Beco do Cardoso. A antiga Tendinha do Seu Zé, que passou também ser administrada por seus filhos após o mesmo ter adoecido e em seguida falecer. E por último, a Tendinha do Pelado, filho de Seu Zé, que herdou do pai o tino para os negócios, abrindo o seu próprio, mas,  infelizmente em abril deste ano ele adoeceu e acabou nos deixando, para tristeza da maioria de nós que já éramos habituados a sua irreverência e alegria, usando o linguajar da favela, acostumados com sua zoação. Seu comércio passou a ser administrado por sua esposa.

Agora estou chegando na parte do Morro, que modéstia a parte, é a melhor e a que eu mais amo desde a infância. Não que as outras áreas da favela sejam ruins, mas essa muito especial para mim, pois foi onde nasci, cresci, me tornei mãe e agora avó. Acompanhei uma boa parte das transformações que ali aconteceram, vi chegar e partir várias pessoas que fizeram parte da minha infância, adolescência e também na fase adulta, e por esse motivo, falo de forma carinhosa e calorosa.

Fui descendo bem tranquila e cheguei no Chapa, cujo esse nome foi dado por um grupo de amigos rapazes no início dos anos 1990, em homenagem a um outro grupo antigo também de rapazes amigos da década de 1960 e 1970, que se reuniam no local e era chamado de Turma do Chapa. Antes, ali era apenas chamado pelo nome da rua principal, a Joaquim Pizarro, e esses rapazes se reuniam ali para jogar bola, conversar, ouvir histórias contadas pelos mais antigos, fazerem festas, etc. E ouvindo uma dessas história contada por alguns dos integrantes do antigo grupo, decidiram se entitularem também com o nome do anterior.

Inicialmente, também chamados de Turma do Chapa, mas alguns costumam chamar de Bonde do Chapa, pois esse termo, “bonde” já estava sendo bem usado no vocabulário das favelas naquela época da formação do segundo grupo.

O grupo além de reunir todos os dias, faziam festas na rua para os moradores e principalmente, no dia das crianças. Os mesmos, usavam camisetas com o nome da turma e de cada integrante. Tinham uma espécie de logomarca.

Com a fama da Turma do Chapa, os moradores, não só dessa parte, mas também das outras partes do Morro, passou a chamar aquela área de Turma do Chapa e depois simplificando, chamando apenas de Chapa, como é mais conhecido. Novas gerações de grupos amigos foram surgindo e perpetuando o nome dos antigos. Os dois grupos anteriores não se reúnem mais, mas o nome que deram ao local, acabou sendo eternizado na letras de funk do MC Menor do Chapa, que também foi morador de lá.

Mas, não é porque a Turma do Chapa não se reúne mais que a animação parou, pois os fins de semana continuam “bombando”, com muito forró no Bar do Ivanildo, com pessoas nos outros bares e na rua curtindo um funk, bebendo aquela cerveja gelada, crianças brincando e por aí vai. E nos dias de jogos, a galera se reúne nas portas das tendinhas para assistir aquele futebol como é de costume. Mesmo com tantos problemas, cujo todos nós sabemos quais são, ainda sim, tentamos levar a vida com um pouco de alegria.

Ali no Chapa, eu cresci, brinquei muito na rua, escorreguei na ladeira, conhecida como Estradinha Nova, corri atrás de doces no dia de Cosme e Damião, subi em árvores no terreno do antigo e já extinto Colégio Santa Dorotéia. Em dias de falta d’água, enfrentei filas juntos de outro moradores para pegar água na Caixa D’Água. Uma área bem ampla onde funciona uma subestação da Companhia de Estadual de Água e Esgoto (CEDAE), que por ter muitas residências é como se fosse mais um dos becos que tem no Chapa. Onde também a Turma do Chapa promovia suas festas e bailes funks e muitos moradores curtiam muito. Como uma criança de favela, tive uma infância e uma adolescência simples, mas bem legal. E quando meus filhos nasceram, mesmo em épocas bem diferentes, também puderam aproveitar a infância, apesar das inúmeras dificuldades e os muitos problemas que dentro de qualquer favela.

Dei uma parada no Chapa, mas vou continuar o rolé pelo Turano descendo e passando pela Barra Funda até chegar a Escadinha, a escadaria que dá em frente a quadra do antigo Bloco Carnavalesco Cometa do Bispo, que foi fundado no ano de 1962 e está ainda em atividade. Além dos ensaios do bloco, o espaço também é utilizado em comemorações de festas, bailes, etc. O terreno onde foi construída a quadra do bloco, era um campo de terra batida, que chamávamos de campinho. Ali, não só as crianças se reuniam para brincar e jogar bola, como os adultos também e faziam até campeonatos de futebol e queimado, com disputados por times de todas as áreas do Morro do Turano e de outros Morros próximos, como Salgueiro, Formiga, Borel, Mangueira, entre outros. No período de festas juninas, o campo era todo enfeitado e preparado para os festejos, havendo também campeonatos de “quadrilhas caipira”. Mas, no segundo governo César Maia, finalzinho da década de 1990, o campinho começou a ser desativado para as obras do projeto Favela Bairro, e no terceiro governo do Prefeito, iniciou a construção da quadra do Bloco Cometa do Bispo e da Creche Municipal Doutor Sérgio Arouca que funciona ao lado. E além das moradias que já existiam por ali, outras foram sendo construídas e até mesmo, surgindo novos comércios.

Do outro lado da rua, fica a Colégio Estadual Herbert de Souza, onde funcionava o antigo Colégio de Aplicação da UERJ (Cap UERJ), que foi desativado em meados dos anos 1990 e após alguns anos de fechado, foi reaberto pelo Governador Anthony Garotinho no seu segundo mandato. Mas antes de funcionar como colégio, os mais antigos relatam que ali era uma Escola de Enfermagem, que com a transferência para um outro lugar, foi adquirida pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), passando a manter durante anos seu Colégio de Aplicação até a sua desativação entre o final do ano de 1996 e o início de 1997.

O Colégio Herbert de Souza atende alunos não só do Morro do Turano, mas também de outras favelas adjacentes. Nos fins de semana, as quadras poliesportivas são liberadas para lazer das crianças e até escolinhas de futebol e de artes marciais. Próximo ao colégio agora passou funcionar um dos pontos de mototáxi, e a alguns anos naquela área, após as obras da Favela Bairro, passou a funcionar um comércio de prestação de serviços, como oficinas e barbearias, aumentou o números de moradias até a entrada do Morro, que chamamos de Curva, onde funciona uma borracharia e agora mais recentemente, passou a funcionar um bar e lanchonete, que ficam mais precisamente na rua Barão de Itapagipe, ou simplesmente Barão como nós moradores costumamos chamar.

Nossa, desci até o pé do Morro, e observo como tudo mudou da minha época de criança para cá, como tudo ficou tão diferente no Morro com chegada do “progresso”. Não existe nem mais o poste da Light de madeira, que quando a energia caia, íamos balançá-lo para que a luz voltasse. Pois é, muita coisa mudou na favela e porque não dizer, para melhor, mas ainda há muito o que se fazer dentro do meu querido Morro do Turano, muitas melhorias são necessárias para nós moradores termos uma boa qualidade de vida.

Já que desci até a Barão, vou caminhar o Rio Comprido, passando por um trecho da  Rua do Bispo, subir por uma das entradas do Complexo do Turano que é o Morro 117, ou simplesmente “117”, abreviando mais um pouco, somente “17”, para quem é cria, e essa área tem esse nome devido sua entrada ser localizada na Rua do Bispo 117. Mas ali ao lado tem a Rua Aureliano Portugal, que é a entrada da Matinha, mais a frente passando pela Universidade Estácio de Sá, temos a entrada do Rodo e do Bicão, sendo esta segunda localizada no Sumaré. Caso eu decida subir por esse caminho, o do Bicão, bem … só se for de kombi ou estando com muita pressa, subir de mototáxi, pois a ladeira é bem longa, mas a paisagem, é simplesmente deslumbrante e de uma certa forma compensa um pouco a subida. Lá no alto do Bicão tem a Caixa, com uma das vistas mais lindas, pois é como se desse para ter uma pouco da dimensão de boa parte da cidade do Rio de Janeiro. Mas se eu for pelo caminho do Rodo, vou encarar uma boa escadaria, passar pela Creche, ir até o Campo do Adílio, onde a criançada se reúne para jogar uma peladinha, onde rolava também muitos torneios de futebol, que eram verdadeiros eventos de entretenimento no local.

Vou sair aqui do Adílio e pegar o caminho do 117 ou 17 em direção a Matinha, passando pelo 1º Setor, pelo Setor B, Mangueirão, Coro Come, Favelinha, antigo Bar do Noé, descer pela Pedra, passar pelo Caminho da Ponte até chegar à Quadra da Matinha, onde rola o famoso baile funk do Turano, ou para os crias, baile da Matinha. Nossa, quantos momentos legais, meus amigos e eu vivemos nesta quadra em dias de baile. Quantos shows de MCs famosos curtimos curtimos, extravasando sem culpa, ao som do pancadão ou batidão.

Mas, sabe como é, momentos complicados também vivemos ali, pois para muitos os bailes funks só são frequentados por marginais e para agradar aos que pensam desta forma, o Estado envia seus homens fardados e fortemente armados para coibir, com a esfarrapada desculpa de “guerra às drogas”. E a atitude covarde dos governantes, faz com que um momento de descontração se torne um verdadeiro pesadelo para aqueles que também são cidadãos trabalhadores, pagadores de impostos e cumpridores de seus deveres, e estão querendo apenas o ter o direito a diversão nos finais de semana. Mas, nós somos resistência e o Morro do Turano conquistou seu espaço com muita luta e garra, e seguiremos lutando até o fim. E como toda favela, o nosso Morro é composto de moradores batalhadores, que encaram desafios desde o nascimento, que assim como a maioria, também querem ver seus direitos garantidos, assim com diz a nossa Constituição.   

Ufa, que caminhada viu, o Complexo do Turano é enorme e com moradores acolhedores e como toda favela, temos os nossos problemas, mas isso não faz com que pensemos em desistir de seguir em frente.

Bem, já apresentei minha amada Favela, meu querido Morro do Turano, agora vou me apresentar.

Olá, ou usando nosso linguajar próprio da favela, e “aí manas e manos, fala tu, suave”? Me chamo Carla Regina, tenho 45 anos, sou mãe de três filhos, avó de quatro lindos netos e sou cria do Morro do Turano desde oito de fevereiro de 1973, saindo da maternidade direto para lá, onde vivo até a data de hoje. E espero contribuir muito com a equipe e aprender muito também com todos. E ainda usando o nosso linguajar, que eu possa “passar a visão” de muitas coisas interessantes e agregadoras e que possa “pegar a visão” do que me passarem.

Então, “já é”! “Estamos juntos e misturados”!  “Valeu”!

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Carla Regina
Sou estudante do último período da faculdade de Jornalismo, gosto muito de ler e de escrever. Me acho simpática, pelo menos é o que me dizem as pessoas quando me conhecem, mas creio que eu seja sim, pois adoro fazer novas amizades e conservar as antigas. Comunicativa, dinâmica e muito observadora, um tanto polêmica. Gosto muito de trabalhar em equipe, mas, dependendo da situação, a minha companhia para trabalhar também é ótima. Pois, na minha opinião, a solidão aguça a criatividade, fazendo com que a mente e os pensamentos fluam um pouco melhor. Comecei a trabalhar muito nova, ainda quando criança e já fiz muita coisa na vida, mas meu sonho sempre foi ser Jornalista e Historiadora, cheguei a ter muitas dúvidas de qual faculdade cursar primeiro, já que para mim as duas carreiras são maravilhosas. Então, resolvi entrar primeiro para o Jornalismo e no decorrer do curso percebi que cursar a faculdade de História não era só uma paixão, mas também uma necessidade para linha de jornalismo que que pretendo seguir. Como sou muito observadora e curiosa, as duas profissões têm muito a ver com minha pessoa. Amo escrever e de saber como tudo no mundo começou, até porque. tudo e todos tem um passado, tem uma história para ser contada.