O que está por trás da guerra na Rocinha

O desentendimento entre a quadrilha que domina a Rocinha tem um motivo de que ainda pouco se fala. Os altos preços praticados na comunidade explicam o que acontece hoje: na favela, o grupo que está no poder do tráfico de drogas local se porta como uma milícia.

Fontes locais afirmam que os mototaxistas que pagavam R$ 30 por dia para rodar na favela passaram a ter que pagar R$ 80. Esse valor obviamente foi repassado para os moradores com o acréscimo da tabela de preços.

O gás também sofreu aumento. No asfalto, o preço do botijão gira em torno de R$ 60. Em alguns lugares, pode custar até R$ 50 caso esteja em promoção. Nas favelas, o valor médio hoje é de R$ 80 – é o caso do Santa Marta, onde o botijão custa R$ 83. Em Acari, é ainda mais barato, custando cerca de R$ 70. Na Rocinha, porém, o gás custa hoje exorbitantes R$ 92.

Ao tomar ciência da situação de abusos nos valores relatados por muitos moradores no sobrepreço dos serviços, o líder do tráfico de drogas local Nem, que está encarcerado no Presídio Federal de Rondônia, ordenou que Rogério 157 entregasse o morro. 157, por sua vez, respondeu que ele “fosse buscar”. Foi exatamente o que aconteceu. Nem deu a ordem para que seus aliados de outras favelas, como São Carlos e Vila Vintém, fossem retomar a Rocinha.

O resultado são os dias de terror que a população vive desde a semana passada.