Nasce uma “nova” facção criminosa no Rio de Janeiro

Sérgio Cabral, Rosinha e Anthony Garotinho. (Créditos: Reprodução Internet)

Há tempos, o Estado do Rio de Janeiro vive o problema do crime organizado e das facções criminosas. Tudo começou com a fundação da Falange Vermelha, entre os anos 1970 e 1980, no Presídio Cândido Mendes, o famoso presídio da Ilha Grande. Este foi o lugar onde o crime fez história em episódios cinematográficos, como a fuga do líder do Comando Vermelho, José Carlos dos Reis Encina, vulgo Escadinha.

Brigas internas e dissidências dentro da quadrilha possibilitaram o nascimento de outras facções como o Terceiro Comando, Amigos dos Amigos e Terceiro Comando Puro. Todas são quadrilhas perigosíssimas, violentas, que não medem esforços para conseguir o que querem.

Mas engana-se quem acha que esses são os bandidos mais nocivos para a sociedade carioca. Uma outra “quadrilha” criminosa foi descoberta, e só agora a imprensa e a chamada opinião pública têm consciência de quem ela é. Poderia atender pelo nome de PMDB – ao menos, o modus operandi não parece muito diferente das demais. Logo ele, que foi o partido político que nasceu para lutar politicamente contra o governo militar instaurado com o Golpe de 1964.

Hoje, o partido se assemelha a uma famiglia mafiosa de Nova York. O PMDB do Rio não tem um poderoso chefão, mas vários. A começar pelo deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro Jorge Picciani. Investigado em vários processos, desde trabalho escravo a improbidade administrativa, Picciani é presidente da Alerj há mais de dez anos com apoio de sua base e aliado principal, o também deputado estadual Paulo Mello – que, nesse momento, está preso com ele junto do também deputado estadual do PMDB Edson Albertassi.

O trio foi se juntar ao chefe dos chefes, o ex-defensor da Terceira Idade, ex-senador e ex-governador Sérgio Cabral. Aliás, a Cadeia Pública Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte, virou uma espécie de spa de ex-governadores do Estado do Rio de Janeiro. Afinal, além de Cabral, também lá estão os ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho, que tiveram suas prisões decretadas na semana passada.

Garotinho, que não é bobo nem nada e que percebeu que Cabral é o chefão da cadeia, simulou uma agressão para ser transferido e assim se certificar de que não iria sofrer um ataque de verdade. Afinal, foi ele quem denunciou, com provas, a Quadrilha do Guardanapo (Alusão à festa em Paris onde a cúpula do governo do Estado do RJ esbanjou dinheiro público para festejar a confirmação do Rio de Janeiro como cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016). Sabia que sua vida correria risco ao viver sob o mesmo teto que Cabral (adendo: é preciso recordar que o casal Garotinho também já foi filiado ao PMDB por longos anos).

Além dos cardeais do PMDB citados acima, não podemos esquecer do ex-governador e ministro do Temer sob investigação da Operação Lava a Jato Moreira Franco, do ex-deputado e condenado pela justiça Eduardo Cunha, nem dos já-citados-em-delação ex-prefeito Eduardo Paes e atual governador Luiz Fernando Pezão.

A cadeia pode ficar pequena.