FÁBULA DA GOTINHA

gotinha(uma gota de esperança num oceano de desilusões)

Era uma vez uma simples gotinha de água que vivia em alto mar. Uma hora ela vivia numa calmaria que dava sono, noutra ela vivia sob tormentas que lhe tiravam o sono.

Ela, uma pequena gotinha, nada podia fazer. E, para se proteger das tempestades, se juntou a milhões e milhões de outras gotinhas que, assim, formaram um grande oceano.

O sol insistentemente a aquecia, e ela, não podendo resistir, evaporou. Viajou por milhares de metros acima do mar. Triste, achou que ficaria perdida no espaço, sozinha, sem nenhuma outra gotinha por perto. Viu que, se assim continuasse, iria sumir no espaço.

Um belo dia encontrou um senhor forte e poderoso chamado vento, que deu a ela um sopro de esperança.

Ela vagou por alguns dias, até encontrar outras gotinhas, e, assim, formarem uma grande nuvem. Então tudo pareceu bem mais suave e agradável. Mas logo, outra gotinha chamou suas amigas e, juntas, chegaram à conclusão que a vida no mundo das nuvens estava meio saturada.

Viajaram, pois, por dezenas de quilômetros, por fim encontraram um pequeno e árido vilarejo. Um lugar ermo, sem energia elétrica, sem estradas, quase sem nada.

E a pequena gotinha, que se achava perdida no oceano e no espaço, tomou coragem e desaguou sobre aquele pobre vilarejo toda sua esperança. Todas as outras gotinhas fizeram o mesmo.

E aquelas gotinhas, que sozinhas não pareciam ser importantes, deram frutos capazes de alimentar aquele pequeno lugar. Descobrindo-se fortes para ajudar a mudar a vida de cada um que ali vivia. Até mesmo o vento deu o ar de sua graça fazendo a brisa daquele lugar um outro ambiente.

Assim é a vida. Se você decidir ser uma gota perdida no oceano da vaidade, você viverá entre calmarias e tormentas; mas se você se juntar a outras gotinhas, seguramente fará uma grande diferença na vida de muita gente.

Caio Ferraz
poeta, sociólogo

(esta fábula dedico a cada gotinha que tem preenchido este mar de esperança que se chama Agência de Notícias das Favelas e a este vento forte chamado André Fernandes que tem sempre nos guiado rumo ao norte)

Rio de Janeiro, 3 de Outubro de 2014