Estudo realiza levantamento sobre cortiços na Zona Portuária

Cortiço na rua Nabuco de Freitas, no bairro de Santo Cristo. (Créditos: Divulgação)

Símbolo da ocupação do Rio no início do século passado, 54 cortiços ainda resistem na Zona Portuária. Este é um dos dados divulgados pelo Projeto Prata Preta, levantamento inédito realizado pela Rede INCT Observatório das Metrópoles e a Central de Movimentos Populares (CMP). 1.120 pessoas vivem nestas condições nos bairros Santo Cristo, Gamboa e Saúde, alvos nos últimos cinco anos de investimentos do Porto Maravilha. A pesquisa incluiu pesquisadores e mestrandos do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR-UFRJ), lideranças do movimento popular e contou com o apoio da Ford Foundation.

A região do Porto do Rio, palco das polêmicas reformas urbanas do “bota abaixo” do prefeito Pereira Passos no século XX, é uma tradicional região de cortiços, imóveis coabitados por mais de uma família. Segundo o Projeto Prata, a Zona Portuária adensa mais de 700 quartos dentro de cortiços. A maioria dos moradores é homem (77%), nascido fora do Rio (30%), na faixa etária de 30 a 59 anos anos (54%) e divide o quarto alugado com mais uma pessoa (44%). A pesquisa também procurou compreender as condições destas habitações. A grande maioria (56%) possui de um a dez cômodos. Em 47% dos cortiços há menos ventilação do que o necessário – 4% não possui janelas. Praticamente todos os imóveis pesquisados possuem banheiros coletivos, e 2/3 deles possuem um média de 6 a 17 moradores por banheiro.

Menina dos olhos das obras olímpicas, a área do Porto Maravilha recebeu R$8 bilhões em investimentos da parceria público privada (PPP) gerida pelo Consórcio Porto Novo. Entretanto, estas transformações não se traduziram em qualidade de vida para as 32 mil pessoas que vive ali. “Vimos poucos recursos públicos sendo investidos em habitação, apesar do aumento populacional e do adensamento demográfico estarem previstos para a região”, aponta o professor e coordenador da pesquisa Orlando Alves dos Santos Jr. A ausência de informações oficiais sobre estas formas de moradia na área tornou necessário o levantamento:

– A invisibilidade dos cortiços nos diagnósticos oficiais também fazia com que não fossem discutidas propostas de políticas públicas voltadas para os cortiços e os seus moradores, já que sua existência não era reconhecida.

O relatório completo do Projeto Prata Preta está disponível para download.

 

Com informações do Observatório das Metrópoles.