É guerra ou não é?

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Por que guerra? Quem declarou? Contra o quê? Contra quem? Quem é o inimigo de quem? Quem morre mais? Quem mata mais? Quem vencerá? Quando?

Acho que é a primeira vez na história que uma guerra foi declarada por um jornal.
Parece que é uma guerra às drogas.

Mas as drogas seguem circulando ininterruptamente pela cidade, pelo Estado, pelo país, pelo mundo. Os fluxos de drogas não diminuíram nas últimas décadas. Pelo contrário. E seu comércio e seus lucros atravessam todos os envolvidos na guerra.

É uma guerra que, além de não combater as drogas, gera um rastro de dor e morte que devasta famílias todos os dias. Todos os dias. Fetos, crianças, idosos.

Não é uma guerra. É um apartheid em chamas. Um caldeirão de desigualdade, uma proibição que enriquece um mercado ilegal e enseja uma disputa feroz por armas e corrupção institucional intensa, arraigada e amplamente capilarizada.

A proibição às drogas, aliada a um combate destrambelhado e inútil (que só faz vitimar a população civil, os “soldados do Estado” e os criminosos do varejão) compõe a bomba que precisa ser desarmada para que a sociedade se reinvente e aponte novos caminhos. Os antigos falharam. Isso que chamam guerra é um imenso fracasso de estratégia – de uma estratégia que ainda insiste em se repetir.

Que atores políticos vão ter a grandeza nacional de emplacar o necessário, urgente e inescapável debate sobre a legalização do mercado das drogas?

Não há outra saída. Não há pacifismo possível enquanto a prioridade das forças públicas de segurança for o combate armado ao varejo das drogas. É um combate raivoso, inviável, prejudicial a todos os cidadãos desta sofrida cidade.

Temos gigantesco potencial e inviáveis formatos de convívio. Precisamos nos reinventar. A relação sociedade-drogas é nossa DR fundamental.

Por que guerra? Quem declarou? Contra o quê? Contra quem? Quem é o inimigo de quem? Quem morre mais? Quem mata mais? Quem vencerá? Quando? Há quanto tempo já dura? Quais são os seus resultados?