É das minas: Gabz vence Slam Grito Filmes

Gabz se apresenta no Slam Laje, no CPX. (Créditos: Bento Fabio / Slam Laje / Coletivo Papo Reto)

A batalha do Slam Grito Filmes 2017, que aconteceu na praça Mauá na última segunda, 09, teve uma mulher como vencedora. A revelação Gabz, de 18 anos, bateu os poetas concorrentes 5 da Braba, Marcela Lisboa, Chal, WJ, Winona, Taprê, Cleyton Mendes e Saulo Afide. Ela agora tem uma nova batalha em dezembro, que pode classificá-la para a final mundial em Paris.

Slam ou Poetry Slam são batalhas de poesias faladas, onde qualquer pessoa pode ter voz e vez. É preciso que as poesias sejam de autoria própria. Os slammers, como são chamados os poetas participantes, são avaliados por um júri formado por até cinco pessoas, que dão notas de zero a dez para as performances. A poesia e o desempenho dos poetas são usados como critérios na nota. A maior nota vence.

A vencedora do Slam Grito Filmes Gabrielly Nunes, ou Gabz, como é chamada pelos amigos, tem 18 anos, é atriz, cantora, slammer e moradora de Irajá, Zona Norte do Rio. Novata, começou a atuar na cena há pouco mais de um mês, com uma performance no encontro Slam Grito Filmes + Slam Resistência. Gabz sempre escreveu poesias, mas tinha receio de apresentá-las por serem muito pessoais, sempre relatando sua vivência como mulher negra e periférica.

– O Slam, pra mim, é uma plataforma surreal. Foi onde eu comecei a me descobrir em diversos aspectos da minha vida. Ver que as pessoas se identificam com o que eu falo, que eu sou escutada, é algo muito forte pra mim, principalmente sendo mulher, preta, de periferia, conta Gabrielly.

Na noite de quarta, a melhor performance foi selecionada para a final em dezembro. Essa etapa trilha o caminho para a classificatória para o Brasileiro de Batalha de Poesia Slam, que leva um slammer brasileiro para a final mundial em Paris.

 

Gabz conquistou vaga para final no Slam Laje

Antes de vencer o Slam Grito Filmes, Gabz foi a melhor da noite na edição especial do Slam Laje, que rolou no dia 08. O Slam Laje nasceu em maio e é o único produzido regularmente dentro da favela e feito pelos próprios moradores. O evento acontece desde sua primeira edição na Casa Brota, espaço colaborativo de trabalho no Complexo do Alemão.

A Casa Brota abriu suas portas para os competidores no domingo. A batalha de rimas convocou os vencedores de edições anteriores para a disputa da vaga: Marcela Lisboa, Favelado Qualquer, W-Black e Chal Enigma, que levaram a melhor na primeira, segunda, terceira e quarta edição, respectivamente. A programação contou com Os Poetas Favelados, Mc Dall Farra e Yas Werneck garantindo o sucesso da noite.

Novas atrações também se apresentaram, como as Empreguetes, um grupo de dança formado por Paloma Lemos, Merelin Pinheiro e Jenifer Galvão, que teve sua primeira aparição no sarau do Alemão, em 2016. Houve também intervenção da campanha pela liberdade de Rafael Braga, com a venda de camisetas cujo valor arrecadado é destinado à sua família.

A final da batalha ficou entre Chal e Gabz, que representaram a competição de alto nível da noite. As votações do júri e do público deram empate e foi necessário uma nova disputa entre os dois slammers – disputa na teoria, pois de competição não tem nada. No Slam, os poetas vibram a cada vitória do grupo. O que prevalece é o sentimento de Nós por Nós.