Diretas Já (?)

Um dos assuntos mais comentados dos últimos dias é a possibilidade de termos eleições diretas para presidente do Brasil. Parece que foi ontem que pedíamos para votar pra presidente depois de 20 anos de Ditadura Militar.  Assim como hoje, a grande mídia oficial boicotou o movimento, não noticiava os desdobramentos do movimento e pouco falava dos comícios que levaram milhões de pessoas pelo Brasil.

Vivemos tempos sombrios e tenebrosos, quando a democracia foi sangrada de morte. Ainda é difícil digerir todo o processo que derrubou uma presidenta eleita com 54 milhões de votos pela canetada de um ex-aliado que está agora preso e condenado a 15 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Num país sério, o processo teria sido extinto e a presidente votaria ao cargo. Mas não será possível, afinal, estamos no Brasil, país das desigualdades e dos privilégios para poucos agraciados.

Movimentos sociais, partidos de centro esquerda e setores da sociedade civil se uniram mais uma vez para iniciar o movimento Diretas Já. Várias capitais estão realizando atos com a pauta desse novo pleito. Porém, mais uma vez, a própria esquerda, com sua cegueira e sua arrogância academicista, não consegue motivar o povão para caminhar sob essa bandiera.

A esquerda tradicional branca, Zona Sul, classe média precisa saber que seu modus operandi e discurso panfletário não consegue atrair a simpatia do morador da favela e das periferias. E não vai ser um show com medalhões da música que vai fazer isso mudar. A maioria desses artistas que se posicionam a favor das Diretas são desconhecidos para uma importante parcela da cidade. Enquanto a gente lê para o povo ensaios de pensadores de esquerda, pastores neopentecostais aumentam mais e mais o seu rebanho e alinhavam seu projeto, que é eleger um presidente evangélico.

A esquerda precisa urgentemente rever seus métodos e começar a propagar um discurso que faça com que a parcela mais pobre da situação se sinta contemplada. Não adianta a gente criticar o recrutamento deles. O que precisamos é de um contraponto, atraindo a simpatia das camadas populares e realizando uma campanha popular por eleições diretas já – ainda que, sem ilusões, seja pouco provável que nossos adorados deputados nos atendam.