De uma ponta a outra: duas rodas culturais que transformam a periferia

Créditos: Bárbara Dias / ANF

Por Josué Gonçalves, Nathalia D’Lira, Renan Santiago e Thayná Almeida

 

55 km separam os bairros de Ricardo de Albuquerque, na extrema Zona Norte do Rio de Janeiro, e Trindade, em São Gonçalo. A falta de opções de lazer não impede que duas iniciativas culturais levem rap e cultura para as ruas. Conheça as duas rodas que estão transformando suas comunidades e fazendo a cabeça da galera da região.

 

Roda Cultural da Praça de Ricardo – Ricardo de Albuquerque, Rio de Janeiro

A RCPR (Roda Cultural da Praça de Ricardo) é um evento que acontece no Complexo do Chapadão. A roda oferece diversas programações gratuitas, como sarau de poesias, exposição de graffiti, slackline, batalha de rima, biblioteca de rua, pocket show, arrecadação de alimentos e agasalhos para caridade e outras intervenções artísticas.

O projeto, que também não conta com apoio de empresas ou do governo, nasceu com a ideia de mudar a cara do bairro de Ricardo de Albuquerque, marcado pela realidade da violência. O coletivo FED (Família Erva Doce) é o responsável por gerir a roda, hoje reconhecida como cultura e entretenimento no calendário cultural do Município do Rio de Janeiro.

Em dias de evento, é grande o número de crianças e jovens que buscam conhecimento e lazer através do entretenimento, incentivo à leitura e de um olhar melhor sobre o bairro onde moram.

Rodas Culturais - BarbaraDias (2)

Festival de Rap de São Gonçalo – Trindade, São Gonçalo

O Festival de Rap de São Gonçalo é um movimento que resiste há mais de quatro anos na Praça Leonor Corrêa, mobilizando jovens de 13 a 20 anos e também seus familiares, que marcam presença no evento.

Batalhas de rap, DJs, dança, graffiti e doação de livros fazem parte da programação. Recentemente, nasceu ali a primeira e única batalha de poesia da cidade: o Slam Trindade. Nesses quatro anos, já passaram pelos seus microfones jovens que, hoje em dia, têm seu devido reconhecimento como profissionais e que iniciaram a carreira ocupando a praça.

Créditos: Bárbara Dias
Créditos: Bárbara Dias

Os frequentadores conhecem as dificuldades de se fazer um evento semanal, sem qualquer apoio do poder público, mas, mesmo assim, todas as sextas, às 20 h, se unem para travar a batalha que é manter viva a cultura na cidade: “O Festival me ajudou na minha autoestima. Vejo como um ótimo projeto social pra ocupar a vida dos jovens com a cultura hip-hop – inclusive, ajudou a melhorar minha socialização e a minha forma de me expressar com as pessoas. Só tenho a agradecer”, afirma a jovem frequentadora Carol Marley.