Críticas sociais na avenida do samba

Alegoria da Mangueira Créditos: Rennan Rebello / ANF

As escolas de samba do Grupo Especial, mesmo após o corte de verbas de 50% no orçamento anunciado ano passado para a realização do carnaval carioca, estrearam, ontem, na Marquês de Sapucaí, com alas e alegorias que impressionaram a plateia.

As escolas Império Serrano, São Clemente, Vila Isabel, Paraíso do Tuiuti, Grande Rio, Mangueira e Mocidade iniciaram os desfiles na avenida do samba, com todo o brilho, criatividade, suor, lágrimas e ousadia no Sambódromo.

Os sambas-enredos de algumas escolas do grupo especial fizeram críticas ao preconceito racial, religioso e ao atual cenário político. A G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira desfilou com o enredo “Com dinheiro ou sem dinheiro eu brinco” à valorização do carnaval carioca, fazendo uma alusão ao corte de verbas realizada pela prefeitura para a realização do carnaval. Em uma de suas alegorias havia a mensagem “Prefeito, pecado é não brincar o carnaval” na placa ao lado de um boneco com o rosto de Marcelo Crivella.

A G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti, com o enredo “Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão?”, homenageou os 130 anos de promulgação da Lei Áurea e contesta se a escravidão chegou mesmo ao fim ou se vivemos outras formas de aprisionamento. A crítica à política brasileira também estava presente nas alegorias da escola verde e rosa. A ala “manifestoches” trazia passistas controlados por mãos gigantes, vestidos de patos e com panelas na mão, uma clara referência aos protestos políticos que ocorreram no Brasil. O carro com o “Vampiro neoliberalista” trazia no peito uma faixa presidencial.

Em 2017, Marcelo Crivella anunciou um corte na verba destinada pela Prefeitura para as escolas de samba da série A. Enquanto as agremiações esperavam o valor de R$ 26 milhões, receberam metade deste valor. Segundo o prefeito, os outros R$ 13 milhões seriam investidos em melhorias nas creches do Rio de Janeiro. A Liga das Escolas de Samba (Liesa) chegou a cogitar que não seria possível produzir o carnaval das escolas em 2018, porém, a Empresa Municipal de Turismo do Rio de Janeiro (Riotur) informou que a realização do mega evento seria viável com a captação recursos privados.