Consciência Negra existe? E a humana?

Novembro é oficialmente o Mês da Consciência Negra no Brasil. Em tempos austeros de Crivella prefeito do Rio de Janeiro e Temer presidente do país (ambos brancos e “defensores da moral e dos bons costumes”) , a corrida patriarcal pelo poder já abriu largada excluindo as mulheres da política.

Sim, somos perigosas para o sistema, e a chama da esperança se acende outra vez. Um cometa feminista colidiu com a terra, e uma nova geração de mulheres quer ser ouvida, está unida. O lema é o seguinte: “Uma por todas e todas por uma”.

A história nos presenteia com o legado de mulheres negras que deixaram sua coragem impressa em seus atos. Hoje falamos de uma artista e de uma ativista; uma brasileira, outra estadunidense; ambas ressignificaram os espaços onde passaram na luta contra o racismo e a liberdade da mulher.

mercedes_baptistaAqui no Brasil, Mercedes Baptista foi a primeira bailarina negra do Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio. Ela nasceu no município de Campos dos Goytacazes e é considerada a maior precursora da dança afro-brasileira.

Sentiu na pele a discriminação que procurava afastá-la dos palcos. Numa das cinco etapas do teste para o Municipal, Mercedes não foi avisada da última prova para mulheres. Acabou disputando com os homens, fato que serviu para que demonstrar ainda mais seu talento.

Em 1963, Mercedes foi coreógrafa da Comissão de Frente do Salgueiro e inseriu a dança clássica na agremiação com um desfile que se tornou referência, influenciando e mudando o rumo dos desfiles das escolas de samba. Ela foi homenageada e ganhou em outubro de 2016 uma estátua de bronze, no Largo de São Francisco da Prainha, na Zona Portuária do Rio.

 

mercedes_estatua
Estátua de Mercedes Baptista no Largo da Prainha (Créditos: O Dia)

 

A professora e filósofa socialista Angela Davis, integrante do Partido Comunista dos Estados Unidos e dos Panteras Negras, é internacionalmente conhecida por sua militância pelos direitos das mulheres e contra a discriminação social e racial.

Nos anos 70, ela se tornou a terceira mulher a integrar a Lista dos Dez Fugitivos Mais Procurados do FBI, ao ser acusada de conspiração, sequestro e homicídio, por causa de uma suposta ligação com uma tentativa de fuga do tribunal do Palácio de Justiça do Condado de Marin, em São Francisco. Angela fugiu do Estado e desapareceu por dois meses até ser presa em Nova York. O julgamento de 18 meses que se seguiu colocou uma mulher negra, jovem, culta, assessorada por uma equipe brilhante de advogados, no centro das atenções da imprensa num paralelo que só seria igualado décadas depois pelo julgamento do jogador O. J. Simpson.

Manifestações diárias por sua libertação e absolvição ocorriam do lado de fora do tribunal e por todo o país, transmitidos ao vivo pela televisão. Angela foi inocentada de todas as acusações e libertada. John Lennon e Yoko Ono lançaram a música “Angela” em sua homenagem e os Rolling Stones gravaram “Sweet Black Angel”, cuja letra falava de seus problemas legais e pedia sua libertação.

O patriarcado usa das ferramentas do Estado para nos desunir, oprimir, silenciar e violentar nossos corpos. As mulheres têm sido as maiores vítimas de violência na sociedade, sendo evocada uma legislação específica como a Lei Maria da Penha para proteger as mulheres da violência que acontece até dentro de casa.

No mês de novembro, vamos questionar: quantas mulheres negras estão em cargos de poder?
Qual é a autonomia das mulheres negras que você conhece? Elas são respeitadas em suas casas?
O que o lugar de cidadã confere de responsabilidade no combate ao racismo e machismo?

São os questionamentos deste sábado chuvoso no Rio.

Manas Unidas
Uma por todas, Todas por uma.
Nenhum direito a menos!

#ForaTemer
#Ocupaescola
#OcupaMinc
#OcupaTudo