Comunicadores comunitários em ação no Alemão

* Com colaboração de Tiê Vasconcelos

Comunicadores do Complexo do Alemão, zona norte carioca, têm relatado o dia a dia e mobilizado ações para combater a disseminação do coronavírus na região através da hashtag #Covid19NasFavelas nas redes sociais. 

No estado do Rio, hoje, 20, há 66 casos confirmados e a  expectativa é de que esse número aumente drasticamente, e os impactos nas favelas serão grandes. As orientações de prevenção indicadas pelo Ministério da Saúde não condizem com a realidade de boa parte dos moradores das favelas e periferias.

Em contramão à postura do governo, ontem, 19/03, Raull Santiago, Tiê Vasconcelos e Renê Silva fizeram uma ação direta do Movimento Juntos pelo Complexo do Alemão (#JuntosPeloComplexodoAlemao), espalhando panfletos, cartazes e faixas informativas sobre a prevenção contra o coronavírus em regiões estratégicas.

Os comunicadores têm relatado também a falta de água em diversos pontos da favela, inclusive em suas casas. Tiê, por exemplo, diz que “a hora de estocar água é de madrugada”, porque durante o dia não tem fornecimento. Este problema não é atual, mas se agrava com a presença do coronavírus.

Becos estreitos, casas extremamente próximas e de poucos cômodos: isolamento não é uma opção na maior parte desses territórios. Já o álcool em gel é artigo de luxo, que poucos podem e conseguem comprar. Além da alta no preço, tanto o álcool 70º quanto o álcool em gel estão em falta em muitos estabelecimentos.

Na Nova Brasília, no Complexo do Alemão, por exemplo, faltam os produtos em pelo menos quatro das cinco farmácias. Na quinta-feira, 18/03, a reposição recém chegada na Farmácia Popular acabou em apenas 10 minutos.

Como se prevenir sem o fornecimento dos itens mais básicos e eficazes? Os métodos preventivos precisam ser adaptados à essa realidade, com respostas rápidas e viáveis do Estado.

Os relatos acima e muitos outros têm sidos postados nas redes sociais com a hashtag #Covid19NasFavelas, articulando informações e denúncias entre territórios. Enquanto o governo não toma as providências necessárias aos territórios marginalizados, são os próprios moradores como Raull, Renê e Tiê que mobilizam as medidas necessárias.

Os coletivos Papo reto e Voz das Comunidades estão coletando também doações através das redes sociais. A meta é conscientizar o máximo de pessoas possíveis e preparar kits que serão distribuídos aos moradores.