A mulher negra e favelada como símbolo de resistência

Na Marcha das Mulheres Negras 2017, os presentes entoaram palavras de ordem contra o racismo e o machismo. (Créditos: Tiago Nascimento / ANF)

Na pirâmide social brasileira, as mulheres negras são as que mais acumulam formas de opressão. São elas as que mais morrem em partos e abortos, que mais sofrem violência obstétrica, que menos possuem acesso à escolarização continuada, que recebem menores salários, que cumprem jornadas triplas.

A vida cotidiana da mulher negra e favelada é permeada por dores e violências, pois, em geral, são elas que provêem o sustento do lar, além de, muitas vezes, sofrerem violência doméstica e arcarem com todas as responsabilidades de seus filhos e filhas.

Nessa escala da opressão, uma forma que tem se ampliado de manifestação da violência são os assassinatos de jovens negros nas favelas pela ação criminosa da Polícia Militar. Surge aí um novo sujeito político: as mães que tiveram seus filhos assassinados. Essas mulheres estão se unindo e organizando para lutar por justiça em memória de suas crias, pois perceberam que precisam fazer algo para que esse processo de genocídio da juventude negra e favelada tenha um fim imediato.

Hoje, organizadas no movimento Mães Vítimas de Violência do Estado e outros, elas se reúnem, debatem, refletem e propõem ações políticas para pôr fim à militarização da vida nas favelas. O que buscam é uma política de segurança pública para si e para seus filhos, e não o medo e a insegurança ao avistar um carro de policia.

Ainda que tenham se forjado lutadoras na dor, vemos nessas mulheres a esperança de um amanhã melhor, com o fim da política de extermínio. A população negra merece ter a segurança de viver e ser feliz.

Publicado na edição de novembro de 2017 no Jornal A Voz da Favela.