A favela no Rock in Rio

Fernando Vinicius Foto: André Fernandes
Fernando Vinicius Foto: André Fernandes
Fernando Vinicius
Foto: André Fernandes

A participação da favela em um dos maiores festivais de música do mundo ainda é muito pouca. O grande número de moradores de favelas ouvidos pela Agência de Notícias das Favelas afirmaram que o preço dos ingressos é caro para o poder aquisitivo de quase um terço da população da Cidade Maravilhosa que mora nesses locais. Mesmo assim, aqueles que são aficcionados pela boa música, fizeram questão de participar de mais uma edição do evento que está se tornando uma marca em vários países – já acontece também em Portugal, Espanha e Estados Unidos. Fernando Vinicius, agente de saúde da prefeitura, que também está no terceiro período de engenharia civil, é morador do jacarezinho e afirma ter conseguido ir porque, por ser estudante, pagou meia, ou seja, cento e setenta e cinco reais. Fernando nasceu no mês de fevereiro de 1985, portanto um mês depois do primeiro Rock in Rio e por isso, disse estar comemorando junto com o festival seus trinta anos. Perguntado se viria no próximo e o que gostaria de ver, afirmou: “Claro que estarei no próximo! Gostaria de ver uma tenda só com a galera que não tem oportunidades.” Outro morador de uma outra favela, o Complexo do Alemão, Maique Souza, vinte e dois anos, pagou no cartão de crédito, foi ver com a namorada e a mãe da moça, o grupo Faith no More e disse que essa já é sua terceira vez no Rock in Rio.

 

Visão da Vila Autódromo para Rock in Rio Foto: André Fernandes
Visão da Vila Autódromo para Rock in Rio Foto: André Fernandes

 

 

A Agência de Notícias das Favelas ganhou da organização do evento ingressos para sortear entre os moradores das favelas e também para fazer uma ação com a favela mais próxima, a Vila Autódromo. Dois moradores do Jacarezinho e um da Rocinha foram contemplados pelo sorteio feito nas mídias sociais da ANF. Nossa equipe também foi na Vila Autódromo e descobriu uma família que mora há mais de vinte anos no local e estava com uma barraca vendendo bebidas e pizza, dentro da favela. Ficamos sabendo que um dos cinco filhos do casal de hippies, Jade Sol, já havia tentado entrar de barco no evento, sem sucesso. Jade Sol, 17 anos e sua irmã Flora Terra, 15 anos, ganharam ingressos e foram acompanhados por nós para entrarem pela primeira vez na Cidade de Rock.

 

Jade Sol e Flora Terra Foto: André Fernandes
Jade Sol e Flora Terra
Foto: André Fernandes

Além dessa ação, que se deu através de uma parceria da Agência de Notícias das Favelas, a Approach Comunicação Integrada e a organização do evento, a ANF também participou da cobertura do evento pela primeira vez, com uma equipe enxuta, porém eficaz e com bom olhar crítico sobre o que deveria ser interessante para nosso público. E assim termina a décima quinta edição de um dos maiores festivais do mundo, o Rock in Rio e assim terminamos nossa cobertura, acreditando ainda mais em um mundo melhor e na possibilidade, como cantamos esses dias, que possamos ir “todos numa direção, uma só voz, uma canção, todos num só coração…”