A corrupção mata mais que bala perdida

Moradores do Complexo do Alemão em protesto contra a violência em 2015 (Créditos: Dani Fi)

Nesse final de semana, uma jovem grávida, de apenas 19 anos, teve o seu filho assassinado ainda dentro do ventre no Alemão em mais uma cena covarde e brutal de descaso e abandono do poder público. O que vem acontecendo é desumano. Não há palavras para descrever o que estamos vivenciando nesses últimos tempos.

Nesse ano de 2017, duas crianças foram mortas por armas de fogo sem ao menos terem o direito de se tornarem cidadãos (como esquecer o caso da Favela do Lixão?). Morreram ainda no útero de suas mães. É surreal. Gera um sentimento de impotência e medo do que virá a seguir.

O caos estabelecido pelo atual programa de segurança, se é que existe, se mostrado, ainda que de forma meio oculta, como eugenia – ou seja, um plano de limpeza social ou extermínio das classes pobres e periféricas. Eis as provas: até mesmo antes de o cidadão nascer, já é executado de forma abrupta.

Os governos, quando se corrompem, automaticamente se colocam dentro desse plano maléfico. A falta de investimentos devido à subtração de verbas ocasionados pelos desvios interrompe a chegada dos recursos básicos para levar saneamento, saúde e educação. Surrupiados, patrocinam campanhas políticas e o ego desses governantes que amam mais o dinheiro que gerir boas ações ao povo.

Estamos diante de uma grande catástrofe social. Mortes e mais mortes são noticiadas sem nenhum sentimento de perda. São meras estatísticas e números a serem divulgados nas redes. O que é mais assustador ainda é que os números de ontem já ficam velhos diante dos assustadores números de hoje.

Se não frearmos a corrupção, essas mortes vão continuar. Temos que tomar a plena consciência de que temos uma grande responsabilidade sobre os rumos políticos, colocando no poder representantes que realmente pensem no povo. É hora de renovar.