A cidade, o rock e nossos sonhos

O Rio de Janeiro sempre foi conhecido internacionalmente como a cidade do carnaval. E também como a cidade que é umas preferidas como destino turístico no Brasil. Desde o dia 19 de Setembro a cidade maravilhosa tem recebido milhares de amantes do bom e velho Rock & Roll. E tudo isso só tem sido possível por causa do Rock In Rio. Um evento superlativo em tudo, desde o tamanho da área da Cidade do Rock na Barra da Tijuca, ao número de fãs que podem assistir ao vivo os maiores nomes da música nacional e internacional.
Em 2013, foram 595 mil fãs (o equivalente a sete Maracanãs lotados) que curtiram sete dias de rock, em 105 horas de músicas, sem parar. Este ano não está diferente. Cada dia um encontro de tribos diferentes com shows inusitados, como o que haverá no próximo sábado, com Lulu Santos e Mr. Catra, no principal palco do Rock in Rio. Quem participar da edição comemorativa de 30 anos do Rock In Rio tem assistido shows de alto nível e com um nível de organização comparável a qualquer grande evento nos EUA (adendo: eu morei 18 anos na América do Norte) ou Europa.

Groove, samplers, metais pesados fazem do RIR 2015 um espetáculo à parte. Para além do Palco Mundo, o line up de ontem trouxe um cardápio pra lá de bom. Quem quis curtir uma vibe diferente pode ir à Rock Street e aproveitar o Age of Artemis, About2Crash e a banda Eminence. Do outro lado, rolou, no palco Sunset, as bandas Daftyones, Lamb of God, Halestorm e Project46 + John Wayne. Pensam que parou por aí? Não. Na tenda Eletrônica, a música ferveu com Anderson Noise, Mau Mau e Renato Cohen,  Vintage Culture, 2 Attack – DJs Paula Chalup e Mau Mau.

 

Para além do que acontece no RIR, ficamos imaginando de que forma se autogovernam os roqueiros nesta teia complexa que é a Cidade do Rock? Como podemos ver dezenas de milhares de pessoas bebendo sem ter tumulto generalizado? Como manter uma área tão grande e sem muito lixo no chão? São perguntas que requerem alguma explicação? Será que é devido ao preço do ingresso, que acaba por selecionando o tipo de público? Talvez. Porém há um outro aspecto que é importante salientar, por onde você anda tem segurança privada e auxiliares de limpeza coletando os lixos para que eles não acumulem. É possível ver também muitas outras equipes como pessoal de emergência, guias orientando. Claro que nem tudo é perfeito, nem tudo sai como planejado, uma hora o som falha (como foi no caso do show da banda Metallica), existe também pequenos furtos e uma briga aqui e outra acolá, mas nada que possa manchar a imagem e a história deste jovem adulto de 30 anos de idade. Parabéns Rock In Rio. Parabéns família Medina pela ousadia em querer que a vida sempre esteja começando outra vez. E que venha 40, 50 e quem sabe 100 anos de Rock & Roll.

Pensamos que o exemplo de um evento desta magnitude serve como parâmetro primeiro para levantar nossa auto estima como empreendedores, porque sabemos que sonhar somente não resolverá nossos problemas. Se quisermos algo para além do que prometem políticos em época de campanha eleitoral, nós os renegados da cidade, temos que buscar caminhos que atendam nossas demandas, seja pela falta d’água, violência policial, de traficantes de drogas ou do transporte público, não há outra saída a não ser deixarmos as querelas de lado e partirmos para um planejamento de curto, médio e longo prazo. Não há sucesso que não requeira trabalho árduo, planejamento e meta para alcançá-los. É assim num grande festival de música e também é na conquista do tão sonhado de um lugar seguro e prazeroso para criarmos e educarmos nossos filhos.
Vida sem sonho não é vida, mas sim um passatempo. Sonho sem planejamento não é sonho, mas sim um devaneio. Que o espírito do Rock In Rio possa nos contaminar com seus sons e seu sucesso para que possamos mudar nossa sofrida realidade das favelas do Brasil.
caio rock
Foto: Caio Ferraz