2017: um ano para se deixar para trás

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Para quem achava que 2017 seria um ano melhor que 2016, vê-se que se enganou redondamente.

2016 foi o ano do golpe contra a democracia. Como a malandragem diz, arrumaram uma vacilação para a presidenta Dilma Rousseff e a tiraram do poder por causa das ditas “pedaladas fiscais.” Logo depois que o impeachment foi sacramentado no senado, o que se viu (e se vê) é uma jornada antes impensável, rumo ao retrocesso e, infelizmente, a todo tipo de intolerância. Mal sabíamos que a saída da presidenta do poder era apenas o primeiro passo para jogar o país numa era de retirada de direitos fundamentais como aposentadoria, leis trabalhistas, congelamento de investimentos nas áreas de saúde, infraestrutura e principalmente educação nos próximos 20 anos.

Então, quando pensávamos que as coisas não pudessem piorar, eis que vieram as eleições municipais e candidatos conservadores venceram o pleito nas principais capitais do país. Os reflexos surgiram em 2017. Em São Paulo, depois de uma gestão inovadora e corajosa, o prefeito Fernando Haddad nem chegou a ir para o segundo turno contra o empresário João Dória Jr., que venceu o pleito e voltou atrás em várias decisões do prefeito anterior, como no aumento do limite de velocidade dos carros nas marginais (vias de grande fluxo  de trânsito) e na destruição de vários quilômetros de ciclovia da cidade.

Depois de apagar as pinturas de vários grafiteiros na famosa Avenida 23 de maio, a Prefeitura, numa ação de despejo de usuários de drogas da chamada Cracolândia, demoliu um prédio ainda ocupado e quase causou uma tragédia. Outra decisão polêmica da administração Dória foi a mudança e a diminuição da merenda da rede pública de ensino. Depois de acusar as direções das escolas de oferecerem merenda que causa obesidade infantil, a Prefeitura anunciou um projeto de substituição da merenda por uma “ração humana”, o que causou consternação na sociedade.

Aqui no Rio, o novo governo municipal foi pelo mesmo caminho. Depois de prometer cuidar das pessoas, o prefeito Marcelo Crivella faz uma gestão que já é considerada a pior da história. Os serviços públicos estão totalmente defasados, em especial os postos de saúde, os hospitais municipais e as Clínicas da Família. Falta tudo, desde os remédios e insumos mais básicos até insulina e outros itens. Pessoas estão morrendo nos hospitais e postos de saúde por falta de atendimento médico adequado.

Serviços que, apesar de precários, funcionavam na gestão anterior, como o teleatendimento 1746, coleta de lixo, entre outros, sofre um sucateamento nunca visto antes. A rede municipal de ensino é um dos setores que também mais sofrem. Assim como em São Paulo, os investimentos nas escolas do município vivem a diminuição de recursos financeiros e aporte técnico. Diretores e professores são obrigados a comprar resmas de papel e a consertar as impressoras com os próprios salários. A Secretaria Municipal de Educação, Esportes e Lazer sugeriu que a quantidade de comida fosse diminuída – um problema enorme, já que muitas dessas crianças têm a merenda escolar como refeição principal.

Nessa triste disputa sobre quem tem o pior prefeito, o Rio de Janeiro vence por ter um governo que persegue a cultura afrobrasileira e eventos das religiões de matriz africana.  Semana passada, veio a público que a festa em homenagem a Iemanjá, que seria realizada em dezembro, teve seu apoio cortado pela Prefeitura pela primeira vez desde que foi criada. Aliás, também houve retirada do patrocínio da Parada do Orgulho LGBT e ainda há dúvidas sobre a realização dos desfiles de carnaval da Intendente Magalhães. A desculpa do prefeito é sempre a mesma, que o governo anterior deixou um rombo financeiro e por causa disso os investimentos foram diminuídos. Nem o pagamento do 13º salário foi liberado integralmente ainda, contrariando a tradição dos últimos governos.

Preparem-se para o que está por vir em 2018.