2016, um ano a ser esquecido

Michel Temer ao lado dos homens brancos de seu governo no primeiro discurso como presidente (Valter Campanato / Agência Brasil)

No ano em que a democracia brasileira sofreu seu mais duro golpe desde 1964, o que podemos esperar para 2017? 2016 ficará marcado como a volta dos piores sentimentos humanos que o semelhante pode sentir pelo outro. Por que uma pessoa em sã consciência, pode desejar que outra seja morta ou torturada? Onde foi parar aquela ideia do povo brasileiro gentil e afável? Desde o começo do processo da queda da presidenta Dilma, uma onda conservadora e fascista permeia a sociedade brasileira.

A minoria privilegiada (também conhecida como elite) é a grande responsável por todo o nosso infortúnio desde a época do Descobrimento. Bastaram alguns governos que olhassem com cuidado os mais desafortunados, que os contemplassem e inserissem na sociedade, para que os mesmos crápulas de 50 anos atrás lançassem mão de uma ofensiva na qual elegeram como inimigos todas as políticas sociais, de igualdade de direitos e similares.

Depois da vitória apertada de Dilma Rousseff em 2014, grupos de direita aliados a todo tipo de fascistas, inconformados com a derrota nas urnas, se organizaram para alcançar dois objetivos. O primeiro era derrubar o governo legalmente eleito. O segundo era barrar todos os avanços sociais e econômicos que a camada menos favorecida da sociedade brasileira conquistou nos últimos anos.

Para atender aos anseios dessa parcela reacionária da  sociedade, o governo ilegítimo nomeou ministros que foram ao encontro dos ideais conservadores das viúvas da Ditadura. Temos hoje um ministro da Educação que tem como objetivo principal expurgar o pensamento crítico do sistema educacional sob a justificativa de “desaparelhar ideologicamente” escolas e universidades. A cultura nunca foi tão desrespeitada e ferida como neste governo atual. O ex-ministro da Cultura chegou a criminalizar movimentos antigolpe, e o atual afirmou recentemente que o Ministério da Cultura era um “fetiche para atender poucas pessoas”. No Ministério da Justiça, colocaram um valentão que adora mostrar macheza cortando pés de maconha na TV e se encontrando com correligionários em véspera de operação da Polícia Federal, se vangloriando de que vai prender petistas. E na economia? Melhor nem falar.

Apesar de todos os apelos de instituições internacionais como a ONU, OEA e até do Banco Mundial, a base governista nos joga de volta ao século XX, congelando investimentos na saúde e educação por 20 anos e sem deixar de aprovar um substancioso aumento salarial para juízes, procuradores e promotores de justiça. Essa mesma Justiça que mantém o presidente do Senado Federal no cargo, apesar de diversas evidências de crimes cometidos, é aquela que manda arquivar o processo sobre a morte do menino Eduardo e que mantém preso um Rafael Braga apenas pelo fato de ele ser preto e pobre. Temos aqui um sistema judiciário que se assemelha ao Monte Olimpo, onde juízes e promotores se sentem como verdadeiras divindades, determinando os destino de milhões de vidas.

2017 promete ser um ano de muitas lutas. Não podemos admitir perder direitos. Temos que ir às ruas firmes e fortes para lutar contra o retrocesso e o governo usurpador. Nós somos os mais atingidos com essas medidas catastróficas. Se não nos organizarmos, unirmos e enchermos as ruas, 2017 será um ano ainda mais penoso que 2016.