Um adeus a Eduardo Galeano.

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As veias abertas da América Latina hoje vertem lágrimas: Eduardo Galeano morreu.
Com ele vai embora uma parte da tradição militante da Literatura, tão combalida nos últimos anos, nessa ascensão escandalosa da direita e do reacionarismo a que estamos assistindo, a esquerda perde um de seus maiores ícones. Ele era respeitado por sua trajetória e lucidez, pelas palavras e luta.
O escritor e jornalista uruguaio Eduardo Hughes Galeano (Montevidéu, 3 de setembro de 1940 – Montevidéu, 13 de Abril de 2015) sempre se posicionou fortemente contra as ditaduras na América Latina, contra o Neoliberalismo e suas consequências.

Galeano iniciou sua carreira jornalística no início da década de 1960 como editor do Marcha, influente jornal semanal que tinha como colaboradores Mario Vargas Llosa e Mario Benedetti. Foi também editor do diário Época e editor-chefe do jornal universitário por dois anos. Em 1971 escreveu sua obra-prima As Veias Abertas da América Latina.

Com o livro “As Veias abertas da América Latina”, Galeano, analisa a exploração econômica e política do povo latino-americano, primeiro pela Europa, depois pelos Estados Unidos.

Através de suas obras, que transcendiam gêneros ortodoxos, combinando ficção, jornalismo, análise política e História, ele fazia seus leitores se questionarem sobre sua situação e de seus países.

Em meio a um deserto criativo de anjos e demônios, com seus vários tons de cinza, a obra de Galeano, comparável a Gabriel Garcia Márquez, com mais de quarenta livros, que já foram traduzidos em diversos idiomas, brilhou na literatura, pois era aquela voz poética dos frágeis nesse mundo de arrogantes.

“A morte, muitas vezes, mente – quando se imagina que uma pessoa morreu, ela continua viva na memória, nas conversas, nas decisões’, dizia ele sobre quem lutou contra ditaduras.

A presença sempre questionadora do pensador Eduardo Galeano fará falta a quem, como ele, se dedica a lutar contra os males do Capitalismo,  em todos os lugares, seja nas ruas, nos becos e vielas das favelas, aos corredores das universidades.  Bom é saber que suas utopias, seu bom combate, suas obras e influência, seguirão bem vivas.
Companheiro Galeano. Presente!!

“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”- Eduardo Galeano

Maximiano Laureano da Silva.